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20 de abril de 2020

Post Nº 82 - Mais um Triste Aniversário

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884










Mais um ano de um triste Aniversário:
(Repetirei isto todos os anos enquanto me lembrar e puder escrever)

Caros amigos e camaradas,
Hoje é o dia 20 de Abril de 2020. Estamos enclausurados nas nossas casas devido a um inimigo, já conhecido, mas que ninguém vê, chama-se “corona vírus”.

Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 50 anos?
Neste dia, coincidência de datas, também segunda-feira, não houve saída para o mato na nossa Companhia, coisa estranha, pois não podíamos sair do quartel nem para caçar. Estávamos em quarentena, sem saber.

Achámos estranho, mas o nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez aos Srs. Furriéis e ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal. 
Digo eu: um vírus, chamado “LUIS” estava a invadir a nossa zona e o nosso território...

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os oficiais do CAOP, num local da estrada Pelundo-Jolmete, junto à primeira bolanha a contar do Pelundo, a cerca de 5 Kms do Pelundo. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve reunido em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro, dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo, ... devido à presença inesperada dessa pessoa, (o tal vírus).

Bom, o local foi alterado para a segunda bolanha a 15 Kms do Pelundo e a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como lá foram parar, cerca de 10 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete? (estas medidas em Kms são aproximadas, partindo do princípio que do Pelundo a Jolmete serão 20 Kms).

Devo confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem para caçar...
Resultado: Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os 4 Oficiais e os três elementos nativos (os dois motoristas e o tradutor).

De facto não iam desarmados, pois iam bem carregados de basucas 60, como nós chamávamos às cervejas, ... grades de cerveja, rádios-gravadores, e outros miminhos para lhes oferecer. Dois gipes super carregados. Uma semana depois, em operação pela zona, encontrámos em Bagula as caixas vazias e esferovites dos aparelhos. Não digo mais.

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA 
Alferes JOÃO MOSCA 
MAMADÚ LAMINE
ALIÚ SISSÉ
PATRÃO DA COSTA

Major Passos Ramos


Major Magalhães Osório


Major Pereira da Silva


Alferes João Mosca


A memória destes HOMENS não me sai da cabeça, principalmente os 4 oficiais com quem convivi, e enquanto for vivo sempre os recordarei com saudade. Junto Fotos dos quatro Oficiais. Infelizmente não tenho dos outros.
 Manuel Resende


Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)



20 de abril de 2018

Post Nº 74 - Um triste aniversário

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. Em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

 














Mais um ano de um triste Aniversário:

Caros amigos e camaradas,
Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 48 anos?
Neste dia, segunda-feira, não houve saída para o mato, não saímos do quartel nem para caçar. Achámos estranho, mas o nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal.

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os oficiais do CAOP, num local da estrada Pelundo-Jolmete, junto à primeira bolanha a contar do Pelundo, a cerca de 4-5 Kms. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo,  ... devido à presença inesperada dessa pessoa.

Bom o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como lá foram parar, cerca de 8 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete?
Devo confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem a caçar.

Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os Oficiais e três elementos nativos, os dois motoristas e o tradutor:
Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA 
MAMADÚ LAMINE
ALIÚ SISSÉ
PATRÃO DA COSTA

Não é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar as suas memórias.
Junto Louvor do Gabinete do Ministério da Defesa Nacional ao Alferes Mosca. É o único de que tenho cópia.







Manuel Resende (Ferreira)


2 de novembro de 2016

Post Nº 68 - Os nossos Mortos


Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

















Camaradas e amigos,
Não posso deixar passar este dia 02-11-2016, sem lembrar os nossos mortos, os da nossa companhia, a CCAÇ 2585 de Jolmete, "AQUELA MÁQUINA". Assim lembro:

Mortos em 27-05-1969 em Jolmete:
António Barbosa, Soldado
João Silva, Milícia
Estes dois combatentes morreram vítimas de acidente com arma de fogo, ao chegar ao quartel, depois da operação de segurança ao regresso da Companhia CCAÇ 2366. A granada da basuca, ao ser retirada caiu pelo tubo e explodiu. Além dos mortos citados, houve muitos camaradas que apanharam estilhaços, inclusive, o Sr. Alf. Mil. Almendra, mais tarde Comandante de Companhia. Ainda hoje tem o estilhaço no ombro.

***

Mortos em 22-07-1969 em Jolmete:
Indibe Sambú, Soldado
Dante Cadi, Milícia
Um soldado nativo e um milícia, mortos numa emboscada. Tiveram azar pois foram apanhados por uma roquetada de RPG2 ou 7. Embocada em U em que nós entrámos onde não devíamos ter entrado. Estavam à nossa espera, não houve hipótese de fuga.

***

Mortos em 20-04-1970 em Jolmete:
Joaquim João Palmeiro Mosca, Alf. da CCAÇ 2585, comandante do Pelotão de Nativos 59, e destacado para o CAOP em Teixeira Pinto. Assassinado pelo PAIGC em Jolmete, juntamente com os Srs. Majores:
Passos Ramos
Magalhães Osório
Pereira da Silva
e três elementos nativos:
Mamadú Lamine
Aliú Sissé
Patrão da Costa

***

Lembro também:
Fernando José Ferreira Vinagre, 1º Sargento
Albertino de Sousa Ribeiro, 2º Sargento
João Fernando Pereira, 1º Cabo


Espero que todos tenham um repouso condigno, e que, onde estejam, zelem pelos seus camaradas de armas, que bem precisam.