José
Alexandre Marreiros Alves
Fur. Mil.
em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585
– BCAÇ 2884
Naquele
tempo… em Jolmete
A guerra
no ultramar português era impossível de ser ganha pela força das armas, com
eficácia, desde logo pela distância que nos separava do teatro de operações e
também e acima de tudo, pela imensidão do território a defender.… mas houve
quem pensasse de maneira diferente e vai daí… a célebre frase “para África e em
força” (se não foi exactamente assim, fica o sentido da mesma).
E então,
decidiu-se enviar para África uns “bons punhados” de soldados para defender o
solo pátrio, ou seja, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, …
Se alguns
tiveram sorte suficiente para chegarem sãos, houve outros menos afortunados.
Feridos e estropiados, física e mentalmente, foram milhares e também outros, que
chegaram a Portugal (na altura chamava-se-lhe metrópole), de uma outra forma,
mais triste, mais dramática, sem vida.
Por terem
acontecido já “outras guerras” parecidas na história da humanidade, sabia-se
antecipadamente que a guerra de guerrilha era impossível de combater e ser
ganha.
A “psico”,
ou mais pormenorizadamente, a acção psicológica, dirigida à população africana,
mormente a que vivia fora das grandes cidades, foi implementada com alguma inteligência.
Na
Guiné-Bissau, essas populações isoladas no mato e que muito contribuíam para a
sustentabilidade da guerra, eram bombardeadas com panfletos escritos em
crioulo, distribuídos pelas avionetas, relatando algum facto específico à
guerra nomeadamente à hipótese dos guerrilheiros entregarem as suas armas
sendo-lhes prometido algumas benesses ou mordomias, a que qualquer um gostaria
de ter acesso, e muito mais, o guerrilheiro que habitando no mato, passando
várias privações e perigos e sem qualquer tipo de conforto. Houve até casos
concretos que serviriam de exemplo e incentivo à deserção.
Estes
prospectos que aqui vos apresento, foram recolhidos em algumas das acções de
investida a acampamentos do IN durante a estadia da C.Caç.2585 (B.Caç.2884) na
região de Jolmete, na Guiné… e servem simplesmente como contributo da
divulgação do que por lá se fez e do que por lá se passou.
Um abraço
Marreiros Alves
(ex-Furriel)
Publicado
por
Manuel
Resende (Ferreira)