Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884
Mais um triste Aniversário (54):
Amigos e camaradas,
Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 54 anos?
Nesta segunda-feira, não houve saída para o mato, não saímos do quartel nem para caçar. Achámos estranho, pois não sabíamos do que se estava a passar.
Desconfiando do que aconteceu, o nosso Capitão Almendra disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal. Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os oficiais do CAOP, num local da estrada Pelundo-Jolmete, junto à primeira bolanha a contar do Pelundo, a cerca de 4-5 Kms. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.
No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo, ... devido à presença inesperada dessa pessoa.
Bom o local foi alterado para a segunda bolanha, a 4/5 Kms de Jolmete. Porquê?
Devo confirmar que depois do nosso almoço, por volta das 2/3 da tarde ouvi alguns tiros, (e outros camaradas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem a caçar.
Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os 4 Oficiais e três elementos nativos, os dois motoristas e o tradutor:
Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA
MAMADÚ LAMINE
ALIÚ SISSÉ
PATRÃO DA COSTA