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9 de outubro de 2017

POST Nº 72 - Filme de Marreiros Alves

José Alexandre Marreiros Alves
Fur. Mil. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884
























... da metrópole à Guiné ida e volta - serviço militar cumprido e, com orgulho, faz em breve cinquenta anos.









Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)


14 de março de 2017

P Nº 69 - O "Fanado" na Guiné-Bissau

José Alexandre Marreiros Alves
Fur. Mil. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

 















FANADO NA GUINÉ-BISSAU


Estive em Jolmete e assisti a esta festa ... a do "fanado", ou seja, à apresentação pública dos então meninos e meninas e que agora vêm como rapazes e raparigas crescidos. Em suma retiraram-lhes a virgindade aos moços e os lábios e clitóris às miúdas. Era tradição na altura, espero que hoje isso já não exista.











A propósito das fotos que anexei nesta publicação sobre o "fanado", aqui vos deixo, principalmente para os mais ignorantes na matéria, um documentário e fotos Paula da Costa – consultora MGF (Mutilação Genital Feminina) na Guiné-Bissau.


Diz ela:
... Na Guiné-Bissau todos os grupos étnicos realizam o Fanado (ritual de iniciação). Para os rapazes ou homens, depende de cada grupo, o Fanado culmina com a circuncisão. Alguns grupos étnicos têm o Fanado das meninas ou jovens mulheres. Nos grupos islamizados o Fanado das meninas culmina com o “corte” (mutilação genital feminina). Em vários grupos o tipo de corte também é diferenciado: remoção total ou parcial do clítoris.
.... O Fanado realiza-se, normalmente, na floresta – em sítios isolados – onde nenhum elemento da comunidade pode entrar durante o período do ritual – 4 a 5 semanas. Nos centros urbanos o Fanado é realizado nos bairros na periferia das cidades e longe das habitações. O Fanado é efectuado em terreno sagrado e com a participação e aceitação de várias divindades locais.
.... O Fanado tem os seus próprios protectores espirituais que terão como função não permitir a entrada de pessoas estranhas ao ritual nem de forças malignas. As Fanatecas (excisadoras femininas) e os Fanadores (homens que fazem a circuncisão) são os instrumentos desta ligação entre o mundo real e o mundo espiritual. Durante esse período os jovens ou crianças adquirem conhecimentos sobre a vida, normas de comportamento dentro da família e da comunidade. 
Reforça-se o grupo de pertença e as questões étnicas e culturais. Muitas vezes os participantes nos Fanados (crianças, jovens ou adultos) são alvo de violência física e psicológica, como forma de preparação para a vida adulta. A casa que é construída para o Fanado, “Barraca”, e as esteiras utilizadas no Fanado são queimadas no fim do ritual. A família é o suporte económico do Fanado: alimentação, roupas, pagamento às pessoas responsáveis no Fanado. Toda a comunidade está envolvida neste ritual de iniciação. 
O pagamento é feito através de dinheiro ou de bens: arroz, sabão, panos, etc. Este pagamento é uma parte importante e fundamental para o rendimento económico das famílias das Fanatecas (excisadoras). A participação no Fanado dá às crianças e aos jovens ou aos adultos um estatuto mais elevado dentro do seu grupo étnico. Também lhes possibilita ter acesso a outros níveis de escalões etários – que lhes são vedados ao não participarem nestes rituais.
 ... A entrada na casa do Fanado é feita através do chamamento de tocadores de tambor que circulam pelas aldeias ou pelos bairros. 
... Dentro do Fanado há uma cumplicidade entre os participantes e também um pacto de silêncio do que se passa lá dentro. Muito raramente uma pessoa fala do que aconteceu a si próprio ou aos outros. É um assunto tabu. Mesmo quando há informações de morte dentro do Fanado – as pessoas não relacionam essa morte com o acto da mutilação genital feminina ou circuncisão. Normalmente as justificações para essa morte são de carácter místico externo ao Fanado – intervenção de forças estranhas ao Fanado. Esta forma desresponsabiliza qualquer pessoa que tenha tido intervenção directa ou indirecta na morte. Quando termina o Fanado as crianças, jovens ou adultos são entregues à comunidade numa grande festa colectiva da passagem ritualista. Os participantes recebem presentes dos familiares e da comunidade. Em Abril de 2010 reiniciou-se um projecto na Guiné-Bissau de luta contra a MGF (Mutilação Genital Feminina), incluindo, agora, 5 ONGs Guineenses e com o apoio da ONG alemã, WFD – Weltfriensdienst. Este projecto chama-se “Djinopi” que significa “Vamos para a frente”.

Paula da Costa – consultora MGF – Guiné-Bissau


















Marreiros Alves (ex-Furriel)


Publicado por:
Manuel Resende (Ferreira)




29 de abril de 2013

Post Nº 12 - Propaganda Psicológica em Jolmete

José Alexandre Marreiros Alves
Fur. Mil. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

 













Naquele tempo… em Jolmete

A guerra no ultramar português era impossível de ser ganha pela força das armas, com eficácia, desde logo pela distância que nos separava do teatro de operações e também e acima de tudo, pela imensidão do território a defender.… mas houve quem pensasse de maneira diferente e vai daí… a célebre frase “para África e em força” (se não foi exactamente assim, fica o sentido da mesma).

E então, decidiu-se enviar para África uns “bons punhados” de soldados para defender o solo pátrio, ou seja, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, …
Se alguns tiveram sorte suficiente para chegarem sãos, houve outros menos afortunados. Feridos e estropiados, física e mentalmente, foram milhares e também outros, que chegaram a Portugal (na altura chamava-se-lhe metrópole), de uma outra forma, mais triste, mais dramática, sem vida.

Por terem acontecido já “outras guerras” parecidas na história da humanidade, sabia-se antecipadamente que a guerra de guerrilha era impossível de combater e ser ganha.

A “psico”, ou mais pormenorizadamente, a acção psicológica, dirigida à população africana, mormente a que vivia fora das grandes cidades, foi implementada com alguma inteligência.

Na Guiné-Bissau, essas populações isoladas no mato e que muito contribuíam para a sustentabilidade da guerra, eram bombardeadas com panfletos escritos em crioulo, distribuídos pelas avionetas, relatando algum facto específico à guerra nomeadamente à hipótese dos guerrilheiros entregarem as suas armas sendo-lhes prometido algumas benesses ou mordomias, a que qualquer um gostaria de ter acesso, e muito mais, o guerrilheiro que habitando no mato, passando várias privações e perigos e sem qualquer tipo de conforto. Houve até casos concretos que serviriam de exemplo e incentivo à deserção.














Estes prospectos que aqui vos apresento, foram recolhidos em algumas das acções de investida a acampamentos do IN durante a estadia da C.Caç.2585 (B.Caç.2884) na região de Jolmete, na Guiné… e servem simplesmente como contributo da divulgação do que por lá se fez e do que por lá se passou.

Um abraço
Marreiros Alves (ex-Furriel)


Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)