Mostrar mensagens com a etiqueta Almendra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Almendra. Mostrar todas as mensagens

8 de dezembro de 2012

Post Nº 1 - Visita de Silva Cunha à Guiné

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884














Visita de Silva Cunha à Guiné

Estive em JOLMETE de Maio de 1969 a Março de 1971. Tive umas férias merecidas de um mês na metrópole de 10 de Março a 10 de Abril de 1970. Sair do mato ao fim de 10 meses de intensa actividade operacional foi um grande ronco. Embarquei no 707 da TAP que, por acaso, levou o Sr. Ministro Silva Cunha e outras individualidades a visitarem a Guiné no dia 10 de Março. Deste acontecimento tenho algumas fotos que mostrarei mais a baixo.

No Aeroporto de Bissalanca havia grande agitação. Eu não sabia a causa, certamente não era porque eu iria de férias. Após algumas perguntas fiquei a saber da visita do Sr. Ministro Silva Cunha à Guiné. Esperava-se a chagada do avião da TAP com o Sr. Ministro e acompanhantes da Metrópole. Tirei algumas fotos da chegada e desembarque da comitiva, mas como a minha meta era embarcar para férias, não liguei muito a este acontecimento.


Foto Nº 1: O aeroporto todo engalanado



 Foto Nº 2: Finalmente chegou o avião que me levaria de férias



Foto Nº 3: Saída dos ilustres passageiros



Foto Nº 4: Sessão de cumprimentos


Chegado a Jolmete depois das férias, por volta do dia 11/12 de Abril, fui informado que o Sr. Ministro Silva Cunha e comitiva tinham estado lá a visitar “o aquartelamento” no dia 16 de Março. Nessa altura fiquei com pena por não ter explorado mais, fotograficamente, a chegada da comitiva, no entanto, apesar de eu não estar em Jolmete nesta altura, havia sempre alguém que tirava algumas fotos.

Digo isto pois eu era considerado o fotógrafo da companhia por todos. Neste caso foi o Furriel Rodrigues, na altura comandante do 1º grupo de combate, pois o Alf.
Almendra tinha sido graduado em Capitão e era comandante da Companhia. Eu adquiri cópias, que são as que mostro a seguir.

Segundo o que me lembro do que contaram a visita correu muito bem. Não houve problemas de qualquer espécie. Não nos podemos esquecer que nessa altura a zona estava apaziguada. Só no dia 20 de Abril é que a coisa voltou a aquecer, com o assassinato dos Oficiais do CAOP.

Terminada a visita os três helis saíram de Jolmete para Teixeira Pinto, pois iriam deixar os elementos do CAOP. Como não estive lá, não sei precisar quantos oficiais do CAOP acompanharam o Sr. Ministro e o S. General Spínola, mas pelo menos o comandante, Sr. Coronel Alcino e o Sr. Major Osório, estiveram lá, como se pode verificar em muitas fotos. O Sr. Major Osório normalmente aparece de costas.


 Foto Nº 5: Chegada a Jolmete dos três helis com a comitiva


Foto Nº 6: Alferes Marques Pereira, de Oficial de dia, cumprimenta o Sr. Ministro Silva Cunha e o Sr. General Spínola bem, como as outras individualidades.


 Foto Nº 7: Capitão Almendra, comandante da C. Caç. 2585 de Jolmete, cumprimenta e dá as boas vindas ao Sr. General Spínola, ao Sr. Ministro Silva Cunha, ao Sr. Coronel Alcino comandante do CAOP e ilustre comitiva.


 Foto Nº 8: Deslocação para o quartel


 Foto Nº 9: Visita da comitiva à cozinha onde se faziam alguns petiscos além de esparguete com chouriço e chouriço com esparguete. Além de Silva Cunha vemos o Sr. Coronel Alcino comandante do CAOP, Fur. Cristo de Sargento de dia, pessoal dos helis e repórteres


Foto Nº 10: Visita à nossa capela. Do lado esquerdo vemos o Sr. Major Osório (de costas) a ver as nossas publicações


 Foto Nº 11: O Sr. Gen. Spínola troca impressões e despede-se dos elementos do CAOP, Sr. Coronel Alcino e Sr. Major Osório, pois não viajavam no mesmo heli


Jolmete era um aquartelamento exemplar no mato. O Sr. General Spínola tinha um fraquinho por Jolmete. Esta mensagem foi-nos transmitida logo à chegada no discurso de boas-vindas. Os nossos antecessores da C. Caç. 2366 comandados pelo Sr. Cap. Barbeites, construíram o quartel quase ou totalmente de raiz, e nós continuámos e concluímos. Eles tiveram uma forte actividade militar, nós continuámos com saídas praticamente diárias, o que nos livrou de ataques ou flagelações ao aquartelamento durante toda a comissão.

Fizemos uma pequena festa no Natal de 1969, com algumas cerimónias e brincadeiras para a população e tropas, como “o astear da Bandeira”, “sessão de variedades”, “danças regionais”, “entrega de lembranças aos filhos da nossa população” (soldados naturais e milícias), etc., com a presença do Sr. Major do SM António Goulart Branco, que no final fez um elogioso relatório, que publico a seguir.


Foto Nº 12: Distribuição de prendas aos meninos da população, filhos dos milícias e soldados Nativos do Pel. Caç. Nat. Nº 59


Foto Nº 13: Meninos da população na cerimónia da astear da Bandeira


 Foto Nº 14: Relatório


Disse atrás que o Sr. General Spínola enchia a boca com Jolmete, e era verdade. Tivemos algumas visitas de estrangeiros e militares de outras zonas que lá iam ver o aquartelamento. Não esqueço uns repórteres do “Washington Post” que foram fazer uma reportagem filmada, de que tenho fotos, mas que comentarei em outra altura, para não tornar este apontamento muito pesado.

Construímos, entre outras coisas dois abrigos, a vala de defesa em volta do quartel, uma escola, um posto médico, 24 casas para a população civil, etc, graças à nossa equipa de pedreiros, como o Firmino, o Ramos, o Lima, o Spínola (não confundir com o nosso General), e outros de que não me recordo os nomes, mas que de seu modo, deram o corpo ao manifesto, erguendo uma obra que após a independência foi toda destruída.


Foto Nº 15: Grupo dos principais mestres-de-obras no nosso quartel


Foto Nº 16: Quartel de Jolmete passado pouco tempo de lá chegarnos


Foto Nº 17: Vista do aquartelamento e casas que construímos para a população e que deixámos para os que nos substituíram, C.Caç. 2366


Foto Nº 18: Eu junto ao memorial da C. Caç. 2366 e da C. Caç. 2585


Pouco sei da companhia que nos sucedeu, a 3306. Se alguém souber algo desta Companhia, agradeço que me informe, pois gostaria de saber, pelo menos, o que foi feito do Rádio-receptor de OM e OC, a válvulas e com retransmissor em OC, para que todo o pessoal nas casernas pudesse ouvir a Emissora Nacional a partir das 17/18 horas e não só, que eu deixei para eles.

Além das retransmissões também fazíamos programas em directo de discos pedidos, com os poucos recursos que tínhamos. O estúdio era montado no quarto do nosso primeiro Vinagre, no edifício do Comando. O locutor principal era o colega Alf. Marques Pereira e Alf. Godinho, além de outros, como o Furriel Pargana (ilusionista que engolia agulhas), o Furriel Meireles, que cantava o “Alfredo Marceneiro”, etc.

Por falar nisto, era muito bom que se alguém tiver alguma cassete gravada desses programas e que se dispusesse a emprestar para que, com as tecnologias de hoje, a pudéssemos todos ouvir neste blog. Resta dizer que este aparelho foi totalmente construído e adaptado para retransmissão por mim. Muitas das peças usadas foram retiradas de rádios apanhadas ao IN.




Foto Nº 19 e 20: O meu rádio-receptor “Radio Escola” adaptado para retransmissão


Olá João Tunes
Lembras-te do Alf. de Jolmete que “mexia” nos Rádios? Sou eu. Sei que a coisa esteve preta, mas se eu não o tivesse feito, não conseguíamos contactar com o Sr. Major Passos Ramos ou Osório do CAOP que voavam sobre nós numa DO, e que sempre nos acompanhavam. Um grande abraço.


Manuel Resende (Ferreira)