Augusto
Silva Santos
Fur.
Mil. da CCAÇ 3306 em Jolmete (Pelundo - Teixeira Pinto)
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- Futebol, coraminas, e não só…
Na
sequência do comentário a uma das minhas estórias sobre Os Fidalgos do Jol
(P10286 – O Tarzan do Jol, no Blog "Luís Graça & camaradas da
Guiné" ) por parte do nosso camarada e amigo Manuel Carvalho (que tal como
eu também passou por Jolmete), mais propriamente sobre a “pica” que lhe deu
depois de tomar uma das famosas pastilhas de coramina, veio-me à lembrança um
episódio de certa forma relacionado com as mesmas.
Estando
a aproximar-se o final da comissão e, já com os índices de saturação a roçar os
limites, o que era perfeitamente natural, alguém resolveu promover (não sei se
em boa hora) um “campeonato” de futebol entre Grupos de Combate, na tentativa
de suavizar a situação.
Pelo
que tenho tido oportunidade de ler no blogue (Luís Graça & camaradas da
Guiné), esta era uma prática comum em praticamente todas as unidades,
infelizmente nem sempre com os resultados finais mais desejáveis, que deveriam
ser de descontracção, distracção e sã camaradagem. É que jogo é jogo, e ninguém
gosta de perder nem a feijões.
O
“campeonato” lá foi decorrendo de acordo com a disponibilidade dos Grupos, com
uns jogos mais “quentinhos” com o aproximar da parte final e, nalguns casos, a
acabar prematuramente, face ao número de expulsões.
Eram
discussões muito acaloradas que, só por mero acaso, por vezes não davam mesmo em
confrontação física. Se isto ainda acontece com profissionais nos dias de hoje,
não era de admirar que, num cenário daqueles, com o pessoal psicologicamente
bastante afectado, não tivesse também acontecido. Felizmente que, na maioria
dos casos, se tratou apenas de jogos assim mais para o “durinho”.
É
aqui que entram as famosas “pastilhas quadradas”, se não me falha a memória
embrulhadas em prata, e que eram muito famosas entre grande parte dos “atletas
seleccionados”. Nos dias dos jogos era vê-los à socapa dirigirem-se até à
enfermaria, em diálogo mais ou menos disfarçado com os seus camaradas daquele
sector. Depois de “emborcarem” umas coraminas, era vê-los correr, por vezes
mais do que a própria bola. Quase parecia mais atletismo do que futebol.
Num
desses jogos em que fui convidado a participar, tive a infelicidade de provocar
um incidente, por sinal com aquele que considerava ser o meu melhor amigo em
Jolmete. Ainda me lembro que, dos meus 1,82 de altura e mais ou menos 80 quilos
de peso, e a jogar a defesa central, vejo uma figura franzina (por certo com
menos uns 20 quilos que eu) vir direita a mim para disputar uma bola lá nas
alturas mas, ao chocar comigo, foi projectada devido ao impacto, e eis que o
Cabo “Bigodes” cai desamparado no “relvado” de terra batida, gritando de dor.
Não
era para menos, pese embora de início julgarmos ser um pouco de teatro, do tipo
que os jogadores profissionais nos habituaram, mas infelizmente não era o caso,
pois rapidamente se chegou à conclusão que acabara de partir a clavícula ao meu
amigo Borges.
Dali
para a frente não quis participar em mais nenhum jogo, pois foi um acontecimento
que marcou durante bastante tempo, mas obviamente muito mais a ele que teve de
andar de braço ao peito durante algumas semanas. Mais tarde, já na “peluda”,
viria mesmo a ter de ser operado, tal foi o estrago que lhe provoquei no ombro.
Felizmente
que este “pequeno” incidente em nada alterou a amizade que iniciámos em terras
da Guiné, bem antes pelo contrário, pois perdura até aos dias de hoje.
75 - Jolmete -
Outubro 1972 Convívio
76 - Jolmete - Outubro 1972 Convívio
81 - Jolmete - Novembro 1972 Convívio
28-08-2012
Augusto
Silva Santos
Publicado
por
Manuel
Resende (Ferreira)