20 de abril de 2024

Post Nº 86 - Mais um triste aniversário

Manuel Cármine Resende Ferreira

Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)

CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

 


 

 













Mais um triste Aniversário (54):

 

Amigos e camaradas,

Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 54 anos?

Nesta segunda-feira, não houve saída para o mato, não saímos do quartel nem para caçar. Achámos estranho, pois não sabíamos do que se estava a passar.

 

Desconfiando do que aconteceu, o nosso Capitão Almendra disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal. Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os oficiais do CAOP, num local da estrada Pelundo-Jolmete, junto à primeira bolanha a contar do Pelundo, a cerca de 4-5 Kms. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

 

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo,  ... devido à presença inesperada dessa pessoa.

 

Bom o local foi alterado para a segunda bolanha, a 4/5 Kms de Jolmete. Porquê? 

Devo confirmar que depois do nosso almoço, por volta das 2/3 da tarde ouvi alguns tiros, (e outros camaradas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem a caçar.

 

Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os 4 Oficiais e três elementos nativos, os dois motoristas e o tradutor:

 

Major PASSOS RAMOS

Major MAGALHÃES OSÓRIO

Major PEREIRA DA SILVA

Alferes JOÃO MOSCA 

MAMADÚ LAMINE

ALIÚ SISSÉ

PATRÃO DA COSTA

 










Texto enviado por:

ANTÓNIO SEBASTIÃO FIGUINHA

Furriel Enfermeiro do B CAÇ 2884 - Pelundo

(Este texto foi enviado para comentário, mas devo inserir aqui, pois lá pode não ser lido)

 

 

PARA QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE

 

O assassinato cruel no chão manjaco faz hoje anos. 20 de Abril de 1970. Nesse dia, pelas sete da manhã, preparava -me para apanhar a escolta para Bissau quando vi os dois gipes que levariam os Majores, o Alferes e restantes acompanhantes á reunião com a guerrilha. Ao fim do dia no regresso de Bissau, quando tínhamos atravessado o rio mansoa tínhamos á nossa espera uma patrulha da nossa companhia e comandada pelo Alferes Francisco que preocupado me diz que os Majores ainda não tinham regressado ao Pelundo e que havia um grupo estranho na nossa zona. Acontece que como era habitual na altura, nenhum de nós da escolta tinha qualquer arma. No meu caso nunca usei arma nas viagens que tive que fazer a Bissau. Como tivemos a sorte de haver luar, fizemos o percurso até ao Pelundo o mais rápido possível e sem faróis ligados. Chegados aqui, o ambiente era estranho. A população da aldeia fechada nas suas palhotas e a tristeza e preocupação em todos os nossos militares. No dia seguinte, todos nós acordamos cedo para sabermos notícias já que uma patrulha tinha saído do Pelundo e outra de Jolmete até ao local onde os Majores se iriam encontrar com os da guerrilha. Vi-os chegar e juntamente com o médico e os meus enfermeiros verificar os estados dos corpos porque já sabíamos que tinham sido mortos. Eu não queria acreditar no que via. Todos com um tiro na nuca, braços e pernas cortadas e apenas presas pelos tendões, o Major Osório tinha mais uma perfuração no abdômen e os negros nem dedos tinham nas mãos, apenas pedacinhos de pele. Os gipes tinham os capôs perfurados com tiros e um escrito que dizia que "não só com homens se ganham as guerras". Desculpem, mas não consigo esquecer o que vi e aqui transcrevo.

 

António Sebastião Figuinha 

20-04-2024



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Manuel Resende (Ferreira)



20 de junho de 2023

Post Nº 85 - 33º Convívio do B CAÇ 2884 em Fátima

Manuel Cármine Resende Ferreira

Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)

CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

 

 

 










33º Convívio do B CAÇ 2884 em Fátima (3/6/2023)


 

Como combinado, tivemos Missa na Basílica da Santíssima Trindade às 11 horas, depois de uma pequena reunião, à sombra de uma oliveira, junto à Cruz Alta, aguardando a chegada de todos os convivas. 

Esta Missa teve a intenção por todos os camaradas do nosso Batalhão já falecidos.

Seguidamente, cada um para a sua viatura e romámos em direção à “Quinta do Casalinho Farto” a cerca de 8 Km.

Lá chegados, cada um trata de si, come e bebe o que mais gosta das entradas.

Balcão de acerto de contas e segue-se o almoço.

Tudo bom e bem servido, fotografias e bolo.

Acontece que o nosso Camarada Manuel Pascoal da 2585 era aniversariante, por isso lhe fizemos uma surpresa: no bolo do Batalhão foram colocadas duas velinhas com “7” e ”6”, e foi convidado para partir o bolo.

De seguida vejam as fotos que tirei e quem quiser pode adicionar ao álbum.

Estiveram presentes 102 adultos e três crianças com representação de todas as Companhias.

Contas feitas com o restaurante e sobraram 300 euros que ficam para o próximo convívio.

Parabéns ao Ramiro Branco pela organização.

 


Link para verem as fotos:

https://photos.app.goo.gl/BSu5u1SAK6ABCnvC8

 

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Manuel Resende (Ferreira)

  


 

8 de maio de 2023

Post Nº 84 - Convite para 33º Convívio do BCAÇ 2884 - Fátima

Manuel Cármine Resende Ferreira

Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)

CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884











Batalhão de Caçadores 2884

 
Convívio em Fátima no próximo dia 3 de Junho (2023) 
 
Amigos, ainda ontem num comentário disse que os CTT não são rápidos, mas tenho de dar a mão à palmatória.
As 287 cartas entregues nos CTT na passada quinta-feira às 15 horas já foram distribuídas, pois hoje Sábado recebi a minha carta-convite.
Para quem ainda não recebeu, ou não venha a receber por qualquer motivo, aqui junto os folhetos que o nosso camarada Ramiro Branco (organizador), fez.
Inscrevam-se quanto antes, principalmente os do Norte que vão utilizar o autocarro, para se saber quantos são, pois o autocarro será de acordo com o Nº de inscritos.
Dia 22 de Maio é a data limite para inscrições.
Abraço a todos e até ao dia 3 de Junho.
Manuel Resende (Ferreira)
 












(video do Restaurante “Casalinho Farto”)

https://www.youtube.com/watch?v=LBUeeLiDkoU



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Manuel Resende (Ferreira)


13 de junho de 2021

Post Nº 83 - Morte dos Majores (Versão de quem os matou)

Manuel Cármine Resende Ferreira

Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)

CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884


 

 





A morte (assasinato) dos nossos Majores em 1970

 

Caros amigos e camaradas,

Há poucos dias o nosso Magnífico Carlos Marques Oliveira, em arrumações em casa, encontrou uma revista do Expresso de 1995 onde viu que no título falava da morte dos nossos queridos Majores. Telefonou-me e veio-me oferecer a revista, pois sabe que eu sou muito sensível a este assunto. Obrigado amigo pelo presente.

Claro que não posso transcrever, pois são muitas folhas, mas digitalizei tudo e apresento a seguir.

Esta Estória foi investigada e escrita pela Jornalista Felícia Cabrita e conta com depoimentos de dois indivíduos que estavam no local do massacre: 


Júlio Briague 

Inácio da Silva.

 

O resto será em fotos da revista em questão. Leiam e façam os vossos comentários.

 


























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Manuel Resende (Ferreira)

20 de abril de 2020

Post Nº 82 - Mais um Triste Aniversário

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884










Mais um ano de um triste Aniversário:
(Repetirei isto todos os anos enquanto me lembrar e puder escrever)

Caros amigos e camaradas,
Hoje é o dia 20 de Abril de 2020. Estamos enclausurados nas nossas casas devido a um inimigo, já conhecido, mas que ninguém vê, chama-se “corona vírus”.

Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 50 anos?
Neste dia, coincidência de datas, também segunda-feira, não houve saída para o mato na nossa Companhia, coisa estranha, pois não podíamos sair do quartel nem para caçar. Estávamos em quarentena, sem saber.

Achámos estranho, mas o nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez aos Srs. Furriéis e ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal. 
Digo eu: um vírus, chamado “LUIS” estava a invadir a nossa zona e o nosso território...

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os oficiais do CAOP, num local da estrada Pelundo-Jolmete, junto à primeira bolanha a contar do Pelundo, a cerca de 5 Kms do Pelundo. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve reunido em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro, dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo, ... devido à presença inesperada dessa pessoa, (o tal vírus).

Bom, o local foi alterado para a segunda bolanha a 15 Kms do Pelundo e a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como lá foram parar, cerca de 10 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete? (estas medidas em Kms são aproximadas, partindo do princípio que do Pelundo a Jolmete serão 20 Kms).

Devo confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem para caçar...
Resultado: Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os 4 Oficiais e os três elementos nativos (os dois motoristas e o tradutor).

De facto não iam desarmados, pois iam bem carregados de basucas 60, como nós chamávamos às cervejas, ... grades de cerveja, rádios-gravadores, e outros miminhos para lhes oferecer. Dois gipes super carregados. Uma semana depois, em operação pela zona, encontrámos em Bagula as caixas vazias e esferovites dos aparelhos. Não digo mais.

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA 
Alferes JOÃO MOSCA 
MAMADÚ LAMINE
ALIÚ SISSÉ
PATRÃO DA COSTA

Major Passos Ramos


Major Magalhães Osório


Major Pereira da Silva


Alferes João Mosca


A memória destes HOMENS não me sai da cabeça, principalmente os 4 oficiais com quem convivi, e enquanto for vivo sempre os recordarei com saudade. Junto Fotos dos quatro Oficiais. Infelizmente não tenho dos outros.
 Manuel Resende


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Manuel Resende (Ferreira)