8 de outubro de 2015

Post Nº 37 - O Tarzan do Jol (10)

Augusto Silva Santos
Fur. Mil. da CCAÇ. 3306 em Jolmete - (Pelundo - Teixeira Pinto)















10 - O Tarzan do Jol

Foi já no final do ano de 1971 que cheguei a Bissau. Quase por milagre (como se costuma dizer) ainda consegui passar o Natal em Lisboa, pois nessa altura deixaram de haver voos, mas eis-me a embarcar a 28 de Dezembro no Aeroporto de Figo Maduro em rendição individual para a então província da Guiné, se não me falha a memória num velhinho quadrimotor DC-6. Não foi uma viagem fácil, pois demorou muitas horas, com uma inevitável escala na Ilha do Sal em Cabo Verde, dado que a determinada altura (sensivelmente a meio da viagem), um dos motores começou a falhar (víamos da janela a hélice parada), mas muito provavelmente também por uma questão de reabastecimento de combustível.

Tive a sorte de ter amigos à minha espera em Bissau, que logo me encaminharam para ficar alojado em Brá, mais propriamente no Combis, onde fiquei a aguardar transporte para Piche, visto ter guia de marcha com destino à CCav.2749, para render o infeliz Furriel Mil. Armindo André, cuja morte trágica já foi motivo de relato neste blogue por outros camaradas. Tal não viria no entanto a acontecer, pois por influência do meu irmão que se encontrava no Pelundo na CCaç.3307, junto do Comandante do BCaç.3833, acabei por ser “desviado” para a CCaç.3306 sita em Jolmete.

Recordo que os meus primeiros dias de Guiné como militar (já havia estado várias vezes em Bissau como civil), foram demasiado horríveis para mim, mesmo considerando a óptima recepção por parte dos outros camaradas, pois apesar da medicação que nos era ministrada para evitar o paludismo, apanhei uma “carga” tal que, passados todos estes anos, ainda sinto arrepios só de me lembrar o que então passei. Quase não me aguentava de pé e, o que na altura que me “safou”, obviamente para além da medicação anti-palúdica que me foi ministrada, foi a muita água gaseificada Pérrie e água tónica Shweppes que, além do gás, também tinha hidrocloreto de quinino.

Toda esta introdução para explicar que, infelizmente, esta situação relacionada com a malária foi algo que me atormentou ainda durante alguns anos, com maior incidência durante o período em que permaneci na Guiné, nomeadamente no mato. Aqui em Portugal foram muitas as injecções de Ricolon + Conmel que levei, para minimizar os chamados acessos palustres que me assaltavam aquando duma gripe mais forte.

Foi o que me aconteceu algumas vezes enquanto estive na CCaç.3306, embora sempre controlado e sem grandes problemas, mas lembro-me que numa ocasião, já algo debilitado, mas com esperança de melhorar e para não sobrecarregar nenhum colega, resolvi mesmo assim alinhar em mais uma das habituais operações, mas em má hora o fiz, pois dessa feita as coisas não correram da melhor forma e, apesar dos cuidados do enfermeiro que nos acompanhava, estive prestes a ter de ser evacuado em pleno mato. A febre alta, o frio, e as dores musculares já eram tantas, que estava quase a entrar num estado de prostração.

Foi então que algo de inesperado se passou, ou seja, um dos Soldados do Pelotão de Caçadores Nativos chegou-se junto a mim e, quase em sussurro, disse-me qualquer coisa mais ou menos nestes termos: - O Furriel quer ser mesmo evacuado, ou quer ter forças para chegar ao quartel? Por já não estarmos muito longe, obviamente respondi que preferia ir para o quartel. Deu-me então algo para mascar, garantindo ele que iria resultar.

Que “coisa” era não sei e também não me quis posteriormente dizer, mas o certo é que passado algum tempo, muito provavelmente associada também às injecções que entretanto me foram ministradas, me deu uma tal “pica” que cheguei ao quartel numa situação fora do normal. De repente quase me senti o Tarzan do Jol (na altura ainda não havia o Rambo).

Não sei ao certo que “produto” foi aquele que me foi arranjar forças onde parecia já não as ter. Conseguir, consegui, só que depois fiquei quase uma semana de cama para conseguir recuperar. “Aquilo” deu-me realmente forças, mas rebentou comigo. Só mais tarde me foi explicado que o mais certo foi esse Soldado Nativo me ter dado noz de cola com algo mais misturado. Agora percebo por que é que quase todo o pessoal nativo andava sempre a mascar aquela semente, e porque é que nos dias de hoje ainda se encontra a vender em Lisboa, em pleno Rossio e Martim Moniz.

Curiosidade: A noz de cola é um forte estimulante. Como o café, a noz de cola estimula e mantém-te acordado. O efeito psicoactivo é no entanto diferente. Aumenta o poder de resistência e diminui o apetite. Melhora a concentração, aclara o cérebro, tem um efeito ligeiramente afrodisíaco e pode dar "pedra". Impulsiona as tuas capacidades normais como por exemplo o trabalho, desporto, dança e sexo. Devido à descarga de energia que provoca no corpo de várias maneiras, também é usada como elemento dietético.

A Cola tem um efeito marcadamente estimulante na consciência humana. A curto prazo, pode ser usada na debilidade nervosa e nos estados de fraqueza. Para além disso, pode actuar especificamente na diarreia nervosa. Também ajuda em estados de depressão e pode, em algumas pessoas, causar estados eufóricos. Devido ao seu conteúdo de cafeína, a noz de cola pode aliviar algumas enxaquecas. Os compostos fenólicos e as antocianinas podem ter uma actividade antioxidante.

Os usos históricos da noz de cola incluem o aumento da capacidade de esforço físico e a resistência à fadiga sem comer; o estímulo do coração fraco; e o tratamento de debilidade nervosa, fraqueza, apatia, diarreia nervosa, depressão, desânimo, ressentimento, ansiedade, e enjoos marítimos. Nome científico : Cola nitida; Família: Sterculiaceae (Enciclopédia – Azarius).



Bissau Dezembro 1971 Com o meu irmão e dois amigos


Bissau Dezembro 1971 Com o meu irmão


Brá Dezembro 1971 Visita aos arredores


Brá Janeiro 1972 Ostras para o petisco




13-08-2012
Augusto Silva Santos



Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)



1 de outubro de 2015

Post Nº 36 - Operação "Tábuas" (9)

Augusto Silva Santos
Fur. Mil. da CCAÇ. 3306 de Jolmete - (Pelundo-Teixeira Pinto)















9 - Operação “Tábuas”

Felizmente para a minha Companhia, a questão das minas nunca chegou a ser um verdadeiro problema. Sabíamos da sua existência, temíamo-las, mas foi um autêntico milagre nunca termos feito accionar qualquer engenho.

Sendo o Chão Manjaco uma região essencialmente de passagem para os elementos do PAIGC, penso que esse terá sido o principal factor para tão poucos registos relativamente a minas. Falava-se até (obviamente sem qualquer confirmação oficial) que em tempos houve uma tentativa de minar alguns trilhos utilizados pelo inimigo, mas alguns dias depois as minas haviam sido levantadas e, no local, estaria a seguinte mensagem espetada num pau por parte do PAIGC: “ Se continuarem a minar os nossos trilhos, nós também minamos os vossos. Parem!”

Sinceramente foi algo em que na altura me foi difícil acreditar, pois mais parecia um daqueles episódios de guerra contados pelo Raúl Solnado, mas o que é certo é que, como já anteriormente referi, durante toda a comissão não houve qualquer registo de incidentes com minas.

Assim, foi com certa surpresa, mesmo já no fim da comissão, que fomos “obsequiados” com a notícia de termos de ir levantar um campo de minas antipessoal existente na região de Pepantar, mais propriamente na Bolanha de Ponta Vicente, sobre o qual só sabíamos da sua existência através de um croqui já muito antigo e, obviamente, desactualizado.

Chegados ao suposto local, foi com muita dificuldade que, dadas as alterações do terreno e dos pontos de referência assinalados, conseguimos chegar a alguma conclusão. Importa salientar que o referido campo não fora montado por nós, e que já ali se encontrava há alguns anos.

Tentando seguir todas as regras que nos haviam sido ensinadas para estes casos (mas sem a devida prática) e, na ausência de verdadeiros especialistas na matéria (sapadores), lá fomos tentando identificar os possíveis locais onde as nossas “amigas” deveriam estar porém, sem resultados práticos. Ao fim de algum tempo lá encontrámos dispersas, mas já muito deterioradas, duas das famosas tabuinhas (se bem me recordo do tipo dos caixotes de madeira da margarina), sob as quais as mesmas se deveriam encontrar, mas quanto a elas, “népia”.

Como é lógico começámos a ficar algo baralhados e preocupados com a situação, pois por acção das águas da bolanha, as mesmas poderiam já não se encontrar nos locais onde supostamente deveriam estar. Assim, por uma questão de segurança, abandonámos o local antes que pudesse ocorrer alguma tragédia, pois o mais provável era tanto eu como o Alferes que à minha frente seguia com o croqui, já termos passado por cima de alguma, além de que já nos encontrávamos expostos no local há bastante tempo. Qual picagem qual quê, quanto a minas, nada…

Segundo nos explicaram mais tarde, das três uma, ou os nossos “amigos” do PAIGC tê-las-ão levantado /neutralizado em devido tempo, ou a acção corrosiva das águas acabou por as deixar inoperacionais (graças a Deus…) visto tratarem-se de minas antipessoal metálicas já com muitos anos, ou então poderiam ter sido de facto arrastadas para um local diferente devido a alguma corrente mais forte das águas da bolanha. Sendo minas metálicas, sinceramente na altura achámos uma situação pouco provável.

Não sei bem o que mais tarde ficou decidido fazer, mas falava-se na possibilidade de solicitar a presença de sapadores, e também de se abrir fogo para o local para provocar o possível rebentamento das minas, para o caso de elas efectivamente ainda lá estarem.

Que me desculpem os especialistas na matéria (minas e armadilhas), se eventualmente cometi aqui alguma incorrecção, mas é desta forma que me lembro deste insólito (ou não) acontecimento.

Foi assim que, sem minas, acabámos por ficar apenas com duas velhas tabuinhas nas mãos.


49-Jolmete  - Junho 1972 Trilhos de Pioce


50-Jolmete - Junho 1972 Trilhos de Pioce


82-Jolmete - Novembro 1972 Bolanha de Ponta Vicente


83-Jolmete - Novembro 1972 Bolanha de Ponta Vicente




04-08-2012
Augusto Silva Santos



Publicado por

Manuel Resende (Ferreira)

26 de setembro de 2015

Post Nº 35 - Nada de "Mariquices" (8)

Augusto Silva Santos
Fur. Mil. da CCAÇ 3306 de Jolmete - (Pelundo - Teixeira Pinto)













8 - Nada de “Mariquices”

Foi no já longínquo dia 3 de Março de 1972 (uma 6ª Feira), que recebemos indicação para mais uma acção tida como normal, com progressão de dois Grupos de Combate na região de Bagula, e respectiva emboscada em possível local de passagem de elementos do PAIGC. Tratou-se de uma actividade diurna e, quando já nos preparávamos para o possível regresso ao quartel, recebemos a informação que deveríamos pernoitar naquele local, visto que no dia a seguir estava programado juntar-se a nós mais um Grupo de Combate reforçado por elementos do Pelotão de Caçadores Nativos e alguns voluntários, para uma acção conjunta em Badã / Ponta Nhaga.

Esta alteração de planos teve origem no facto de um caçador, elemento da população, ter passado nesse dia a informação, haver perto da bolanha de Badã um acampamento de passagem utilizado pelo PAIGC, onde estaria concentrado armamento e víveres vindos de Ponta Matar, com destino provável à região do Churo/Caboiana.

Fomos assim surpreendidos com o facto de termos de pernoitar no mato sem que para isso o pessoal estivesse devidamente preparado / equipado. Como é sabido por quem pelas matas da Guiné andou, ao calor sufocante e húmido do dia, a seguir vem o frio e o cacimbo da noite, por vezes com temperaturas bastante baixas, de fazer tremer o queixo.

Foi assim que, a partir de determinada altura, parte do pessoal já batia o dente, encontrando-se bastante irrequieto, situação nada conveniente para aquilo que deveria ser uma emboscada nocturna. Como o problema se começasse a agravar, eu e os restantes graduados começámos a sugerir ao pessoal que se juntassem em pequenos grupos de 3 ou 4 elementos, e se aconchegassem uns aos outros, para com o calor corporal se irem mantendo mais ao menos aquecidos.

Recordo ainda o espanto que foi para o pessoal tal sugestão, pois para a maioria deles era impensável passar uma noite agarrado a outro homem, fosse por que motivo fosse, com alguns a dizer mesmo que não alinhavam nesse tipo de “mariquices”. Só que o frio começou a apertar cada vez mais, e não tardou que a solução fosse mesmo de nos juntarmos para manter uma temperatura que nos permitisse passar melhor a noite e a madrugada.

Infelizmente para nós o dia seguinte foi um com as piores recordações para a nossa Companhia, dado termos sofrido no decorrer da acção já referida um total de 10 feridos, alguns dos quais com bastante gravidade (o Capitão Comandante de Companhia, 2 Alferes, 3 Furriéis, 2 Soldados, 1 Milícia e o próprio Comandante da Milícia, o famoso Dandi).

Tirando este aspecto negativo, que recordo com alguma dificuldade dado ainda me lembrar da dor e sofrimento dos meus camaradas (dos 13 que estávamos mais ou menos juntos eu fui um dos que escapou sem qualquer ferimento), recordo também que durante algum tempo muitos dos soldados ainda evitavam falar na situação de terem pernoitado agarrados ao seu semelhante, com receio de serem gozados ou apelidados com adjectivos mais ou menos pejorativos, quando a conversa para aí decorria. Eram outros tempos.

Anos mais tarde, mais uma vez no decorrer de um dos almoços comemorativos da Companhia, um desses ex-Soldados virou-se para o seu filho, também presente no acto, mas desta vez com um sorriso bem rasgado e sem qualquer pudor, disse alto e bom som: - “Olha filho, já dormi uma noite no mato agarrado a este Furriel”. Claro que a risada foi geral.


13-Jolmete - Março 1972 Acapamento PAIGC em Badã


14-Jolmete - Março 1972 Acapamento PAIGC em Badã


39-Jolmete - Junho 1972 Traseiras do meu abrigo


40-Jolmete - Junho 1972 Tempo de matar a sede...


42-Jolmete -  Junho 1972 Entrada do meu abrigo




02-08-2012
Augusto Silva Santos

Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)


18 de setembro de 2015

Post Nº 34 - Os Cubanos (7)

Augusto Silva Santos
Fur. Mil. da CCAÇ 3306 de Jolmete - (Pelundo - Teixeira Pinto)













7 - Os “Cubanos”

Já perto do final da comissão do B.Caç.3833 (Out.1972), o então Comandante do CAOP1 sito em Teixeira Pinto, mais propriamente o Coronel Paraquedista Rafael Durão, determinou que se realizasse uma acção conjunta a nível das três Companhias operacionais, ou seja, a 3306 de Jolmete, a 3307 do Pelundo, e a 3308 de Có. Foi estabelecido um plano por forma a que os respectivos Grupos de Combate se encontrassem em determinado ponto, mais propriamente onde confinava a zona de actuação definida para cada uma delas, sendo o vértice uma extensa bolanha.

Já perto do ponto de encontro em questão na região de Catafe e, mais ou menos à hora combinada, foi tentando por nós (Grupo de Jolmete) o contacto via rádio, com vista a apurarmos em que posição se encontraria cada um dos Grupos, para que a aproximação (reconhecimento) se realizasse dentro da máxima segurança.

É nessa altura que somos alertados pelo Grupo de Có, de que estariam a avistar movimentação do que suponham ser um bigrupo do inimigo, comandado por “Cubanos”, pelo que perante tal alerta, parámos de imediato a nossa progressão e tomámos posição de emboscada, aguardando melhor informação sobre a posição do tal grupo de guerrilheiros.

Talvez cerca de um ou dois minutos depois, somos informados da eventualidade de termos sido detectados, visto que o inimigo estava a emboscar, pelo que a nossa progressão se deveria fazer com o máximo cuidado, tendo-se inclusive ponderado se não seria melhor solicitar apoio aéreo para bater a zona, tendo em conta ser um grupo com muitos elementos e, dada a extensão da bolanha, ser difícil aos Grupos de Có e Pelundo chegarem rapidamente até nós para fazer um possível envolvimento, sem serem também detectados.

Porque a posição assinalada pelos camaradas de Có, era coincidente com aquela em que nos encontrávamos, questionámos de imediato se algo de errado não se estaria a passar, e sugerimos que um dos elementos do nosso Grupo se assomasse até à orla da mata com a tela de sinalização usada para o apoio aéreo, para nos identificarmos. Escusado será dizer que rapidamente se chegou à conclusão de que o grupo supostamente do inimigo era afinal o nosso, que seguia na frente com boa parte dos elementos do Pelotão de Milícias, e afinal os “Cubanos” não eram mais do que eu e o outro Furriel que estaríamos a tentar orientar o decorrer da acção.

Importar salientar que a bolanha em questão era de facto muito larga e extensa, e a distância entre os nossos Grupos não permitia no imediato uma melhor identificação do pessoal, além de que parte da confusão foi originada pelo facto de, tanto eu como o outro Furriel, estarmos na altura a usar não os nossos tradicionais quicos, mas sim bonés não convencionais. Eu estava com um boné de xadrez com pompom, que me tinha sido oferecido por um Cabo apontador da bazuca, o qual lhe havia sido trazido por emigrante amigo em França, e o outro Furriel com um chapéu improvisado feito de folhas de palmeira, para se proteger do sol intenso.

Até então o dito boné (com o qual tenho algumas fotos) funcionou para mim como um amuleto, mas até ao final da comissão não voltei a usá-lo, não fosse o diabo tecê-las. Para “Cubano”, bastou um dia. Curiosamente havia de devolvê-lo 30 anos depois ao seu antigo e primeiro proprietário, aquando de um dos encontros da nossa Companhia, em que este acontecimento acabou por ser recordado com algum gozo.

Este é um dos muitos episódios ocorridos em cenários idênticos que, não só por mera sorte mas também com responsabilidade, acabou por ter um final feliz. Por fim ainda brincámos com a situação, mas nem quero imaginar as consequências graves que poderiam ter ocorrido se, por acaso, os outros Grupos ou a aviação (que não chegou a ser solicitada) tivessem aberto fogo sobre nós.



57-Jolmete -  Julho 1972 Bolanha de Gel


58-Jolmete - Julho 1972 Trilhos de Gel


70-Jolmete - Agosto 1972 Estrada Velha de Bula


72-Jolmete -  Agosto 1972 Boné do Cubano


02-08-2012
Augusto Silva Santos



Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)