13 de junho de 2021

Post Nº 83 - Morte dos Majores (Versão de quem os matou)

Manuel Cármine Resende Ferreira

Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)

CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884


 

 





A morte (assasinato) dos nossos Majores em 1970

 

Caros amigos e camaradas,

Há poucos dias o nosso Magnífico Carlos Marques Oliveira, em arrumações em casa, encontrou uma revista do Expresso de 1995 onde viu que no título falava da morte dos nossos queridos Majores. Telefonou-me e veio-me oferecer a revista, pois sabe que eu sou muito sensível a este assunto. Obrigado amigo pelo presente.

Claro que não posso transcrever, pois são muitas folhas, mas digitalizei tudo e apresento a seguir.

Esta Estória foi investigada e escrita pela Jornalista Felícia Cabrita e conta com depoimentos de dois indivíduos que estavam no local do massacre: 


Júlio Briague 

Inácio da Silva.

 

O resto será em fotos da revista em questão. Leiam e façam os vossos comentários.

 


























Publicado por

Manuel Resende (Ferreira)

20 de abril de 2020

Post Nº 82 - Mais um Triste Aniversário

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884










Mais um ano de um triste Aniversário:
(Repetirei isto todos os anos enquanto me lembrar e puder escrever)

Caros amigos e camaradas,
Hoje é o dia 20 de Abril de 2020. Estamos enclausurados nas nossas casas devido a um inimigo, já conhecido, mas que ninguém vê, chama-se “corona vírus”.

Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 50 anos?
Neste dia, coincidência de datas, também segunda-feira, não houve saída para o mato na nossa Companhia, coisa estranha, pois não podíamos sair do quartel nem para caçar. Estávamos em quarentena, sem saber.

Achámos estranho, mas o nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez aos Srs. Furriéis e ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal. 
Digo eu: um vírus, chamado “LUIS” estava a invadir a nossa zona e o nosso território...

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os oficiais do CAOP, num local da estrada Pelundo-Jolmete, junto à primeira bolanha a contar do Pelundo, a cerca de 5 Kms do Pelundo. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve reunido em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro, dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo, ... devido à presença inesperada dessa pessoa, (o tal vírus).

Bom, o local foi alterado para a segunda bolanha a 15 Kms do Pelundo e a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como lá foram parar, cerca de 10 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete? (estas medidas em Kms são aproximadas, partindo do princípio que do Pelundo a Jolmete serão 20 Kms).

Devo confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem para caçar...
Resultado: Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os 4 Oficiais e os três elementos nativos (os dois motoristas e o tradutor).

De facto não iam desarmados, pois iam bem carregados de basucas 60, como nós chamávamos às cervejas, ... grades de cerveja, rádios-gravadores, e outros miminhos para lhes oferecer. Dois gipes super carregados. Uma semana depois, em operação pela zona, encontrámos em Bagula as caixas vazias e esferovites dos aparelhos. Não digo mais.

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA 
Alferes JOÃO MOSCA 
MAMADÚ LAMINE
ALIÚ SISSÉ
PATRÃO DA COSTA

Major Passos Ramos


Major Magalhães Osório


Major Pereira da Silva


Alferes João Mosca


A memória destes HOMENS não me sai da cabeça, principalmente os 4 oficiais com quem convivi, e enquanto for vivo sempre os recordarei com saudade. Junto Fotos dos quatro Oficiais. Infelizmente não tenho dos outros.
 Manuel Resende


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Manuel Resende (Ferreira)



31 de março de 2020

Post Nº 81 - F.N.A.C. ou Quarentena?

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884











F.N.A.C. ou Quarentena?

Este tema já foi aqui publicado em 08-12-2012, no meu Post Nº 3, mas dada a situação em que nos encontramos achei por bem republicar com algumas alterações ao texto inicial, aplicando-o à nossa situação actual de quarentena.

QUARENTENA? O QUE É ISSO? COMPARADA COM A NOSSA GUERRA?

O tempo da nossa passagem pela guerra, mais concretamente pela Guiné, não foi feito só de tristezas, desalentos, isolamento, saudades, … enfim, tantos outros sentimentos que não vale a pena enumerar. Também passámos os nossos bons momentos de boa disposição, camaradagem, convívio, etc. A nossa vida (a da minha Companhia) era passada dentro de duas fiadas de arame farpado, com cerca de dois metros de altura. Só havia uma porta para entrar e sair. Sair para onde? Para a mata em operações, ou particularmente para matar uns pombos ou perdizes com a minha pressão de ar "DIANA 35 de 5,5", mas sem muito afastamento. Qualquer um fora do arame farpado podia ser apanhado à mão.
Isto, de facto era uma clausura, estávamos no mato, não numa vila ou cidade. O pessoal começava a ficar "apanhado" ou como agora se diz "stressado" e eis que na Companhia 2585 de Jolmete de Maio de 1969 a Março de 1971 houve, em determinada altura, meados de 1970, depois do assassinato dos Oficiais do CAOP, um grupo de graduados, que de tão apanhados que estavam, criaram a F.N.A.C.

Não estejam já a imaginar uma empresa de ar condicionado para a Guiné, (ali na Avenida  de Ceuta) nem tão pouco uma editora de livros ou discos de vinil ou CDs. Não, tratava-se pura e simplesmente de uma fundação, a “FUNDAÇÃO NACIONAL DOS APANHADOS DO CLIMA”, em abreviaturas F.N.A.C.

A F.N.A.C. era composta por todos os oficiais e sargentos da Companhia 2585 que quisessem aderir. Praticamente aderiram todos. Disse praticamente, pois de facto houve um oficial e um ou dois furrieis que não aderiram. Os aderentes, como fazia parte dos estatutos, tinham de ter um nome artístico. A nossa imaginação dava para tudo. Depois de fazerem o juramento de adesão conforme anexo I e II, ficavam a pertencer ao grupo dos “desorganizados”, pelo que recebiam o respectivo cartão de “sócio”. Junto fotos de alguns desorganizados, cujos cartões aqui apresento (só consegui estes) e graças à gentileza do nosso Furriel Rodrigues, digníssimo presidente.


 Fotos Nº 1 – 1º Sarg. Vinagre

Foto Nº 2 – Fur Araújo



Foto Nº 3 – Alf. Godinho




Foto Nº 4 – Fur. Gomes


 Foto Nº 5 – Fur. Gondar

 Foto Nº 6 – Alf. Ferreira

Foto Nº 7 – Fur. Filipe

 
Foto Nº 8 – 2º Sarg. Mesquita


Foto Nº 9 – Fur. Rodrigues

Como Organização que era composta por "desorganizados", tinha os seus membros de Direcção e que eram exercidos por:
Presidente: Furriel José Manuel Gonçalves Rodrigues, de nome artístico “GEM-GIS-KAN” 
Secretário: Alferes António Alberto Miguéis Marques Pereira, de nome artístico ”WASINGTON”.
Tesoureiro: Furriel Manuel Joaquim Meireles, de nome artístico “O MENINO DO BARREIRO”.

A F.N.A.C. agora já posso tratá-la assim, tinha como objectivo desanuviar a cabeça de todo o pessoal com alguns passatempos, como jogos de futebol, sessões de ilusuinismo feitas pelo nosso amigo Furriel Pargana que engolia agulhas verdadeiras e saiam todas enfiadas numa linha... ainda não percebi o truque, sessões de discos pedidos na "RÁDIO PIRATA DE JOLMETE. Além dos estatutos pensados e escritos ponto a ponto, com a colaboração dos associados, e votados sempre em assembleia-geral, criámos também o Cartão individual com foto artística do associado, e o emblema de lapela que foi desenhado pelo Furriel Cristo. Aproveitando a vinda de férias à Metrópole do nosso presidente, foi encarregue de os mandar fazer na Fotal em tempo útil. Assim aconteceu.


Foto Nº 10 – Emblema de lapela

À distância de 50 anos tenho pena que o ponto Nº 1 dos estatutos restringisse a adesão apenas a graduados da CCAÇ 2585, pois tivemos muitas solicitações para aderências por  parte de outros graduados que gostariam de pertencer, o que viria a valorizar no futuro (agora) os nossos convívios. Refiro-me concretamente à Companhia de Comandos que esteve em Jolmete em Outubro de 1970, creio que foi a 36ª, mas não tenho a certeza. Enfim, temos de interpretar os estatutos à luz dos tempos de então, pessoal apanhado à espera da peluda e cheio de boas intenções.

Agora perguntam os amigos leitores deste apontamento… “então e onde está a F.N.A.C.”? Boa pergunta, mas sinceramente sei responder. Tenho contactos com o presidente, o José Rodrigues que vive no Fundão e com o tesoureiro o Meireles que vive em Linda-a-Velha. Espero que o Marques Pereira também apareça, mas parece-me que anda para os lados de Moçambique. E não é que o Marques Pereira apareceu ...? 
Vive em Moçambique mas consegui encontrá-lo. Numa das suas vindas a Portugal consegui organizar um almoço no Restaurante Caravela de Ouro em Algés. Neste convívio estiveram presentes os três elementos da administração, além de outros 8 camaradas que quiseram e puderam estar presentes, uns vindos do Norte (Montalegre) e outros do Sul (Vila Real de S. António). Quando há amizade, não há distâncias. Assim se concratizou o 1º Convívio da F.N.A.C. A seguir publico o link para verem as fotos desse convívio. Aproveito e peço a quem tiver alguma cassete de outos programas nossos, e que foram muitos, se podem facultar a fim de eu os digitalizar e publicar aqui. As cassetes serão devolvidas, como é lógico.


Link para ver as fotos do almoço-convívio


Paralelamente ao que acontecia na parte militar, a F.N.A.C. também concedeu alguns louvores aos desorganizados que mais apanhados estivessem. A mim tocou-me também esse galardão, que passo a reproduzir. 




Fotos Nº 11 e 12 - Louvor 


A F.N.A.C. tinha também como missão animar todo o pessoal da 2585, pois não eram só os graduados que andavam apanhados. Para isso fundámos a “RADIO PIRATA DE JOLMETE”. Esta Rádio, cujo aparelho transmissor era um receptor a válvulas do curso da “RÁDIO ESCOLA” que eu tinha tirado no último ano antes da minha entrada na tropa, e que tinha levado para a Guiné, serviu para, com uma adaptação feita por mim, transformá-lo em “emissor-receptor”. 

Com uma boa antena cedida pelo nosso Furriel Gomes de transmissões, e instalada entre a caserna do 4º grupo e o refeitório dos soldados, conseguia captar perfeitamente a EN em onda média e curta, e dar um pouco de música durante o jantar.

Convém dizer que o som era dado por uma coluna feita pelo nosso carpinteiro, tipo corneta com um altifalante que eu levei e que me tinha custado na “Astro-Técnica” 2.200$00, com 40 W de potência. Pesava cerca de 5 KG. Mais à noite retransmitia a EN e outras em onda curta, numa frequência que todos os pequenos receptores a pilhas com OM-OC captavam. 

Nesta frequência era transmitido também um programa de discos pedidos que às vezes fazíamos, no abrigo do comando, numa pequena sala do 1º Sargento Vinagre. Na foto que a seguir mostro, vê-se o grupo de locutores em acção. À esquerda o Furriel Guarda, ao centro o Furriel Rodrigues (nosso presidente) e à direita o Alferes Marques Pereira (nosso secretário).

Foto Nº 13 – Locutores em acção


Isto sim, era quarentena. Só lá entravam virus se viessem pelo ar de alguma morteirada 82 ou canhão se recuo, o que felizmente não aconteceu durante a nossa passagem por Jolmete. Há, já me esquecia, tivémos de facto um virus grande, que andava a dar cabo dos nossos porcos, e que vinha à noite, sorrateiramente levar mais um... Este virus também foi eliminado por nós. Que bela onça foi sacrificada para provar a uns jornalistas do Washington Post, que estavam lá a fazer uma reportagem, que as onças não eram enviadas pelo Amilcar Cabral... Quem quiser pormenores, pergunte.








Fotos Nº 14 a 20 – Estatutos da FNAC

AGORA DIGAM LÁ SE ISTO NÃO ERA QUARENTENA... 22 MESES


Manuel Resende (Ferreira)



17 de fevereiro de 2020

Post Nº 80 - Óbitos de Camaradas

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884




Caros amigos e companheiros,
soube, pelo site do grupo a que ele pertencia, que infelizmente o Manuel Silva também foi fazer a tal viagem sem retorno. Publiquei na altura, em 12 de Dezembro de 2019 no nosso grupo do Facebook:

"Caros amigos e companheiros, é com muita triteza que vos informo do falecimento do nosso camarada Manuel Silva. Vivia no Porto, próximo do Palácio de Cristal. Não sei os problemas de saúde que tinha, mas era muito activo nos comentários aos nossos postes. Tentei ligar, mas o telefone está desligado. Neste momento não posso adiantar nada em relação ao seu funeral. Creio que foi fazer a viagem sem regresso, muito cedo. Esteve em Jolmete (Guiné) com a CCAÇ 2585"


(Foto do último convívio em Fátima)

Este camarada, pertenceu ao nosso Batalhão BCAÇ 2884, sediado no Pelundo, e da Companhia 2585 de Jolmete. Fez parte, em rendição individual, do Pelotão de Caçadores Nativos Nº 59 (ou NATURAIS, como queria que se dissesse o nosso Com. Chefe Sr. Gen. Spínola).
É sempre triste dar notícias destas, mas a vida é assim, nada podemos fazer.
Envio em meu nome, e tomo a liberdade de representar todo o Batalhão BCAÇ 2884 para enviar sentidos pêsames a toda a família enlutada.
Não sei os pormenores da sua morte, mas para lá todos vamos. Espero quando lá chegar que ele me conte como tudo aconteceu.
Que descanse em Paz. 
Adeus Manel Silva.

Manuel Resende (Ferreira)

2 de julho de 2019

Post Nº 79 - Óbitos de Camaradas

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884
 









ÓBITOS DE CAMARADAS


Caros amigos e companheiros,
soube hoje, pelo nosso camarada Ramiro Branco que me pediu para publicar, organizador do nosso último 32º convívio em Fátima, que infelizmente e por problemas do coração, faleceu no passado dia 28 de Junho o  Almerindo Serra Lopes. Este camarada, pertenceu à CCS do Batalhão e também foi organizador do 25º convívio em 2013, convívio que se realizou na sua terra, Fundão. 
É sempre triste dar notícias destas, mas a vida é assim, nada podemos fazer.
Envio em meu nome, e tomo a liberdade de representar todo o Batalhão BCAÇ 2884 para enviar sentidos pêsames a toda a família enlutada.
Sei que o Ramiro Branco já mandou celebrar uma missa em nome de todos pela sua alma.
Que descanse em Paz.





Manuel Resende (Ferreira)