8 de dezembro de 2012

Post Nº 3 - Afinal quem inventou a FNAC ?


Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884
















Afinal quem inventou a FNAC?

O tempo da nossa passagem pela guerra, mais concretamente pela Guiné, não foi feito só de tristezas, desalentos, saudades, … enfim, tantos outros sentimentos que não vale a pena enumerar. Também passámos os nossos bons momentos de boa disposição, camaradagem, convívio, etc. Na companhia 2585 de Jolmete de Maio de 1969 a Março de 1971 houve, em determinada altura, meados de 1970 depois do assassinato dos Oficiais do CAOP, um grupo de graduados, que de tão apanhados que estavam, criaram a FNAC.

Não estejam já a imaginar uma empresa de ar condicionado para a Guiné, nem tão pouco uma editora de livros ou discos de vinil ou CDs. Não, tratava-se pura e simplesmente de uma fundação, a “FUNDAÇÃO NACIONAL DOS APANHADOS DO CLIMA”, em abreviaturas FNAC.

A FNAC era composta por todos os oficiais e sargentos da Companhia 2585 que quisessem aderir. Praticamente aderiram quase todos. Os aderentes, como fazia parte dos estatutos, tinham de ter um nome artístico. Depois de fazerem o juramento de adesão conforme anexo I e II, ficavam a pertencer ao grupo dos “organizados”, pelo que recebiam o respectivo cartão de “sócio”. Junto fotos de alguns cartões (só consegui estes) e graças à gentileza do nosso Furriel Rodrigues, digníssimo presidente.


 Fotos Nº 1 – 1º Sarg. Vinagre


 Foto Nº 2 – Fur Araújo


Foto Nº 3 – Alf. Godinho


Foto Nº 4 – Fur. Gomes


Foto Nº 5 – Fur. Gondar


Foto Nº 6 – Alf. Ferreira


Foto Nº 7 – Fur. Filipe


 Foto Nº 8 – 2º Sarg. Mesquita


Foto Nº 9 – Fur. Rodrigues


 A Direcção era exercida por:
Presidente: Furriel José Manuel Gonçalves Rodrigues, de nome artístico “GEM-GIS-KAN”
Secretário: Alferes António Alberto Miguéis Marques Pereira, de nome artístico ”WASINGTON”.
Tesoureiro: Furriel Manuel Joaquim Meireles, de nome artístico “O MENINO DO BARREIRO”.

Além dos estatutos pensados e escritos ponto a ponto, com a colaboração dos associados, e votados sempre em assembleia-geral e do cartão individual com foto artística do associado, que foi desenhado pelo Furriel Cristo, fizemos também um emblema de lapela. Aproveitando a vinda de férias à Metrópole do nosso presidente, foi encarregue de os mandar fazer na Fotal em tempo útil. Assim aconteceu.


Foto Nº 10 – Emblema de lapela


À distância de 40 anos tenho pena que o ponto Nº 1 dos estatutos restringisse a adesão apenas a graduados da CCAÇ 2585, pois tivemos muitas solicitações para aderências por parte de outros que gostariam de pertencer, o que viria a valorizar no futuro (agora) os convívios. Enfim, temos de interpretar os estatutos à luz dos tempos de então, pessoal apanhado à espera da peluda e cheio de boas intenções.

Agora perguntam os amigos leitores deste apontamento… “então e onde está a FNAC”? Boa pergunta, mas sinceramente não sei responder. Ainda tenho esperanças, que com a ajuda desta publicação nos voltemos a reunir. Tenho contactos com o presidente, o José Rodrigues que vive no Fundão e com o tesoureiro o Meireles que vive em Linda-a-Velha. Espero que o Marques Pereira também apareça, mas parece-me que anda para os lados de Maputo.

A FNAC, paralelamente ao que acontecia na parte militar, também concedeu alguns louvores aos organizados que mais apanhados estivessem. A mim tocou-me também esse galardão, que passo a reproduzir.




Fotos Nº 11 e 12 - Louvor



A FNAC tinha também como missão animar todo o pessoal da 2585, não eram só os graduados que andavam apanhados. Para isso fundámos a “RADIO PIRATA DE JOLMETE”. Esta Rádio, cujo aparelho transmissor era um receptor a válvulas do curso da “RÁDIO ESCOLA” que eu tinha tirado no último ano antes da minha entrada na tropa, e que tinha levado para a Guiné, serviu para, com uma adaptação feita por mim, transformá-lo em “emissor-receptor”.

Com uma boa antena cedida pelo nosso Furriel Gomes de transmissões, e instalada entre a minha caserna e o refeitório dos soldados, conseguia captar perfeitamente a EN em onda média e curta, e dar um pouco de música durante o jantar.

Convém dizer que o som era dado por uma coluna feita pelo nosso carpinteiro, tipo corneta com um altifalante que eu levei e que me tinha custado na “Astro-Técnica” 2.200$00, com 40 W de potência. Pesava cerca de 10 KG. Mais à noite retransmitia a EN e outras em onda curta, numa frequência que todos os pequenos receptores a pilhas com OM-OC captavam.

Nesta frequência era transmitido também um programa de discos pedidos que às vezes fazíamos, no abrigo do comando, numa pequena sala do 1º Sargento Vinagre. Na foto que a seguir mostro, vê-se o grupo de locutores em acção. À esquerda o Furriel Guarda, ao centro o Furriel Rodrigues (nosso presidente) e à direita o Alferes Marques Pereira (nosso secretário).


Foto Nº 13 – Locutores em acção


Programa Nº 4, apresentado por Meireles, Rodrigues e Marques Pereira
















Fotos Nº 14 a 20 – Estatutos da FNAC



Manuel Resende (Ferreira)




Post Nº 2 - A Minha Guerra (Manuel Resende Ferreira)

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo - Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 - BCAÇ 2884













A Minha Guerra - Guiné 1969-71

Fui mobilizado para a Guiné em Fevereiro de 1969. Após a minha recruta como cadete na Escola Prática de Infantaria em Mafra, de Julho a Setembro de 1968 (3º turno), foi-me atribuída a especialidade de “Atirador de Artilharia”, por isso fui “tirar” a especialidade em Vendas Novas, na Escola Prática de Artilharia, de Outubro a Dezembro de 1968. Terminado o curso fui colocado nos Açores, no Batalhão Independente de Infantaria 18 nos Arrifes, em Ponta Delgada, para onde segui em meados de Janeiro de 1969, no navio “Angra do Heroísmo”.

Cerca de um mês depois de lá estar recebi ordem de marcha para me apresentar no quartel do Pragal (Almada) para fazer o IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), a fim de ser integrado no Batalhão de Caçadores 2884, que seguiria para a Guiné. Como o transporte era escasso, esperei pelo próximo barco, o FUNCHAL, que saiu de Ponta Delgada em 28 de Fevereiro de 1969, dia do grande tremor de terra aqui no continente.

Este Batalhão era constituído pela Companhia de Comando e Serviço (CCS), e pelas Companhias Operacionais 2584, 2585 e 2586. A minha seria a Companhia de Caçadores 2585. Feito o IAO embarquei para a Guiné a 7 de Maio de 1969, no paquete Niassa, onde cheguei a 12 do mesmo mês. Após alguns dias em Bissau disfrutando daquele calor intenso e húmido, o Batalhão foi para Pelundo (zona de Teixeira Pinto), onde ficou sediada a Companhia CCS e a Companhia Operacional 2586, tendo sido atribuído o destacamento de “Jolmete” à minha Companhia 2585 e “Có” à 2584. No dia 17 de Maio chegamos a Jolmete, onde fomos recebidos pela Companhia 2366 que nos esperava e íamos substituir.

Nos dias que estivemos em Bissau fomos informados pelo Governador e Comandante-Chefe Sr. General Spínola, que a responsabilidade da nossa Companhia, a 2585, iria ser muito grande, pois íamos substituir uma das melhores Companhias Operacionais da Guiné (acção psicológica já a funcionar). Foi-nos dito que esta Companhia, comandado pelo Sr. Capitão Barbeites, era considerada uma das melhores companhias operacionais da Guiné, quer pelo seu trabalho operacional, quer pela obra começada da construção do quartel a partir do nada, e que nós (2585) soubemos continuar.

Chegamos na altura da transição do tempo seco para a época das chuvas, que começava a 15 de Maio, e que de facto começou. Foi uma sensação muito estranha, para quem não estava habituado, chuva torrencial e calor ao mesmo tempo. Com as chuvas começava a época da bicharada. Coisas que só compreende quem lá esteve …

A nível operacional, nos dez dias de sobreposição de companhias, tudo correu bem. Saíamos em patrulhamentos com os grupos de combate da companhia cessante, mas não íamos para zonas perigosas. O interesse da 2366 era passar o testemunho da melhor maneira possível, sem correr grandes riscos, pois a “peluda” estava próxima. No dia em que a Companhia cessante se foi embora, a 27 de Maio, começaram os nossos problemas com 2 mortos e vários feridos, não em combate, mas por acidente com arma de fogo.

Ao chegarmos ao quartel, depois da operação de segurança e protecção à coluna auto que levou a 2366 para o Pelundo, o soldado que transportava a BASUCA ao retirar a granada da arma, talvez por deficiência da mola ou por descuido, ela caiu pelo tubo, explodindo ao tocar no chão. Este foi o primeiro contacto com a triste realidade das mortes e evacuações. A partir deste dia, entregues a nós próprios, começamos a fazer a nossa guerra.

Fazendo uma retrospectiva devo concluir que não nos demos muito mal com o sistema adoptado. Saídas diárias evitaram flagelações ao quartel, que nunca tivemos, todavia emboscadas no mato eram constantes. Nos 21 meses de mato a Companhia esteve 28 vezes debaixo de fogo, e eu com o meu grupo de combate (4º Grupo) estive 22. Lembro perfeitamente como se fosse hoje a primeira emboscado a sério em que caímos. Emboscada em “U” em que nós entramos pelo centro. Foi a 22 de Julho de 1969. Tivemos 2 mortos e vários feridos por tiro de RPG e respectivos estilhaços.



“HOMENAGEM”

Neste apontamento quero e tenho o dever de salientar o contributo altamente positivo dos soldados africanos do Pelotão de Caçadores Nativos Nº 59, comandado inicialmente pelo colega Alferes Mosca, e pela secção de milícias, comandada pelo chefe da milícia, o célebre “DANDI”, mais tarde promovido a Capitão de Milícia pelo Sr. General Spínola, e que já vinha com boas referências da companhia anterior. Sempre que saíamos para o mato estes homens iam sempre à frente, pois como conhecedores do terreno, sabiam como chegar ao objectivo.

O Dandi natural do Jol, conhecia como ninguém todos os recantos da mata. Bom guerrilheiro, bom caçador, muito nos ajudou a evitar cair em emboscadas, abrindo trilhos novos na mata. Quando saíamos para o mato com ele, ninguém tinha medo, por mais difícil que fosse a missão. Mais tarde fez parte do rol dos fuzilados. Sinceramente não sei se a Cruz de Guerra prometida pelo Sr. General Spínola lhe foi entregue antes de 1975. Que será feito dos outros?

Apesar do primeiro contacto a sério com o inimigo, já referido atrás, com 2 mortos e alguns feridos, o dia ou o facto que mais me marcou durante toda a comissão, e o fez profundamente, foi a morte dos Oficiais do CAOP, os três Majores e o meu colega Alferes Mosca (além dos outros três nativos) no dia 20 de Abril de 1970, em prol da paz e do entendimento dos povos do “Chão Manjaco”.

O Alferes Joaquim João Palmeiro Mosca pertencia à minha Companhia, 2585, pois era comandante do Pel. Caç. Nat. 59 (já referenciado) que fazia parte da Companhia, embora a rendição fosse individual. Em Set./Out. de 1969 o Alferes Mosca foi convidado pelo CAOP em Teixeira Pinto, para cuidar das plantações experimentais que se começavam a desenvolver no Chão Manjaco, pois ele era Regente Agrícola de formação.

Como as suas qualidades para a “PSICO” eram boas, foi convidado para colaborar nessa área com o Sr. Major Joaquim Pereira da Silva, Oficial de Informações e Coordenador da Acção Psicológica com as populações. Estas acções da “psico” deram tantos frutos que praticamente de Novembro de 1969 a 20 de Abril de 1970 (fatídico dia), não tínhamos contactos com o “IN”, nem tínhamos autorização para abrir fogo em primeiro lugar, caso os víssemos, tendo até havido alguns que se entregaram voluntariamente. Sabíamos que o “IN” procedia exactamente como nós, pois as ordens que tinham eram iguais.

O Sr. Major Magalhães Osório e o Sr. Major Passos Ramos estavam mais ligados à parte operacional, como planeamento de operações conjuntas e afins e que nos visitavam diariamente do ar, com a sua DO, a perguntar se estava tudo bem, se era preciso alguma coisa, pois sabiam a nossa posição exacta no mato. Estes dois Majores e o respectivo comandante, Sr. Coronel Alcino, eram visita constante ao nosso quartel em Jolmete.

Como a Companhia estava empenhada na construção de casas para a nossa população, composta quase exclusivamente por militares do Pel. Caç. Nat. 59 e milícias, com as respectivas famílias, foi uma época propícia à descoberta e transporte de matéria prima para as obras: pedras, que eram poucas e madeiras que íamos procurar junto ao rio Cacheu, completamente avontade e sem grande segurança. Na minha modesta opinião e traduzindo os sentimentos da altura, perdemos ali, de uma só vez, um conjunto de Oficiais único e inigualável. Mas como dos fracos não reza a História, é por isso que ainda hoje eles são falados …

Escusado será comentar que as tréguas que existiam acabaram nesse dia. Nos meses que se seguiram até ao fim do ano de 1970 tivemos uma actividade operacional muito intensa. Felizmente não houve mais baixas. Passamos a pasta à Companhia que nos sucedeu a C Caç 3306 em Fevereiro de 1971, tendo regressado a Bissau para embarque. Após alguns dias de atraso do “UIGE”, embarcamos a 26 de Fevereiro, tendo chegado ao cais de Alcântara em 2 de Março de 1971.

Era costume o Sr. General Spínola convidar para um jantar de despedida com bate-papo os comandantes de Companhia (Capitães) e um dos alferes de cada companhia antes do embarque de regresso. Em relação à minha Companhia a 2585, O Sr. General fez questão de convidar todos os alferes além do Capitão, como recompensa pela actividade desenvolvida. Ainda me lembro que o prato foi arroz de frango. Nessa altura já o Sr. General Spínola dizia que a Guiné não tinha solução pela guerra. Manifestava muitas ideias que mais tarde veio a publicar no seu livro “Portugal e o Futuro”.


Nº 1 – A bordo do Niassa, a caminho da Guiné. O sentimento dominante era de expectativa.


 Nº 2 – Operação de patrulhamento comandada pelo nosso Capitão Tomaz da Costa, sentado ao centro. Do seu lado esquerdo, em pé, Dandi, sempre equipado a rigor; à sua direita, sentado, o Alf. Mosca.


Nº 3 – Atravessamento de uma bolanha à chegada de uma operação. O nosso quartel estava rodeado por bolanhas.






Nº 4,5 e 6 – Recolha de materiais, madeiras e pedras, para construção de abrigos e casas para a população.


Nº 7 – Eu com o Dandi, que mais tarde foi promovido a capitão de Milícia.




Manuel Resende (Ferreira)

Post Nº 1 - Visita de Silva Cunha à Guiné

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884














Visita de Silva Cunha à Guiné

Estive em JOLMETE de Maio de 1969 a Março de 1971. Tive umas férias merecidas de um mês na metrópole de 10 de Março a 10 de Abril de 1970. Sair do mato ao fim de 10 meses de intensa actividade operacional foi um grande ronco. Embarquei no 707 da TAP que, por acaso, levou o Sr. Ministro Silva Cunha e outras individualidades a visitarem a Guiné no dia 10 de Março. Deste acontecimento tenho algumas fotos que mostrarei mais a baixo.

No Aeroporto de Bissalanca havia grande agitação. Eu não sabia a causa, certamente não era porque eu iria de férias. Após algumas perguntas fiquei a saber da visita do Sr. Ministro Silva Cunha à Guiné. Esperava-se a chagada do avião da TAP com o Sr. Ministro e acompanhantes da Metrópole. Tirei algumas fotos da chegada e desembarque da comitiva, mas como a minha meta era embarcar para férias, não liguei muito a este acontecimento.


Foto Nº 1: O aeroporto todo engalanado



 Foto Nº 2: Finalmente chegou o avião que me levaria de férias



Foto Nº 3: Saída dos ilustres passageiros



Foto Nº 4: Sessão de cumprimentos


Chegado a Jolmete depois das férias, por volta do dia 11/12 de Abril, fui informado que o Sr. Ministro Silva Cunha e comitiva tinham estado lá a visitar “o aquartelamento” no dia 16 de Março. Nessa altura fiquei com pena por não ter explorado mais, fotograficamente, a chegada da comitiva, no entanto, apesar de eu não estar em Jolmete nesta altura, havia sempre alguém que tirava algumas fotos.

Digo isto pois eu era considerado o fotógrafo da companhia por todos. Neste caso foi o Furriel Rodrigues, na altura comandante do 1º grupo de combate, pois o Alf.
Almendra tinha sido graduado em Capitão e era comandante da Companhia. Eu adquiri cópias, que são as que mostro a seguir.

Segundo o que me lembro do que contaram a visita correu muito bem. Não houve problemas de qualquer espécie. Não nos podemos esquecer que nessa altura a zona estava apaziguada. Só no dia 20 de Abril é que a coisa voltou a aquecer, com o assassinato dos Oficiais do CAOP.

Terminada a visita os três helis saíram de Jolmete para Teixeira Pinto, pois iriam deixar os elementos do CAOP. Como não estive lá, não sei precisar quantos oficiais do CAOP acompanharam o Sr. Ministro e o S. General Spínola, mas pelo menos o comandante, Sr. Coronel Alcino e o Sr. Major Osório, estiveram lá, como se pode verificar em muitas fotos. O Sr. Major Osório normalmente aparece de costas.


 Foto Nº 5: Chegada a Jolmete dos três helis com a comitiva


Foto Nº 6: Alferes Marques Pereira, de Oficial de dia, cumprimenta o Sr. Ministro Silva Cunha e o Sr. General Spínola bem, como as outras individualidades.


 Foto Nº 7: Capitão Almendra, comandante da C. Caç. 2585 de Jolmete, cumprimenta e dá as boas vindas ao Sr. General Spínola, ao Sr. Ministro Silva Cunha, ao Sr. Coronel Alcino comandante do CAOP e ilustre comitiva.


 Foto Nº 8: Deslocação para o quartel


 Foto Nº 9: Visita da comitiva à cozinha onde se faziam alguns petiscos além de esparguete com chouriço e chouriço com esparguete. Além de Silva Cunha vemos o Sr. Coronel Alcino comandante do CAOP, Fur. Cristo de Sargento de dia, pessoal dos helis e repórteres


Foto Nº 10: Visita à nossa capela. Do lado esquerdo vemos o Sr. Major Osório (de costas) a ver as nossas publicações


 Foto Nº 11: O Sr. Gen. Spínola troca impressões e despede-se dos elementos do CAOP, Sr. Coronel Alcino e Sr. Major Osório, pois não viajavam no mesmo heli


Jolmete era um aquartelamento exemplar no mato. O Sr. General Spínola tinha um fraquinho por Jolmete. Esta mensagem foi-nos transmitida logo à chegada no discurso de boas-vindas. Os nossos antecessores da C. Caç. 2366 comandados pelo Sr. Cap. Barbeites, construíram o quartel quase ou totalmente de raiz, e nós continuámos e concluímos. Eles tiveram uma forte actividade militar, nós continuámos com saídas praticamente diárias, o que nos livrou de ataques ou flagelações ao aquartelamento durante toda a comissão.

Fizemos uma pequena festa no Natal de 1969, com algumas cerimónias e brincadeiras para a população e tropas, como “o astear da Bandeira”, “sessão de variedades”, “danças regionais”, “entrega de lembranças aos filhos da nossa população” (soldados naturais e milícias), etc., com a presença do Sr. Major do SM António Goulart Branco, que no final fez um elogioso relatório, que publico a seguir.


Foto Nº 12: Distribuição de prendas aos meninos da população, filhos dos milícias e soldados Nativos do Pel. Caç. Nat. Nº 59


Foto Nº 13: Meninos da população na cerimónia da astear da Bandeira


 Foto Nº 14: Relatório


Disse atrás que o Sr. General Spínola enchia a boca com Jolmete, e era verdade. Tivemos algumas visitas de estrangeiros e militares de outras zonas que lá iam ver o aquartelamento. Não esqueço uns repórteres do “Washington Post” que foram fazer uma reportagem filmada, de que tenho fotos, mas que comentarei em outra altura, para não tornar este apontamento muito pesado.

Construímos, entre outras coisas dois abrigos, a vala de defesa em volta do quartel, uma escola, um posto médico, 24 casas para a população civil, etc, graças à nossa equipa de pedreiros, como o Firmino, o Ramos, o Lima, o Spínola (não confundir com o nosso General), e outros de que não me recordo os nomes, mas que de seu modo, deram o corpo ao manifesto, erguendo uma obra que após a independência foi toda destruída.


Foto Nº 15: Grupo dos principais mestres-de-obras no nosso quartel


Foto Nº 16: Quartel de Jolmete passado pouco tempo de lá chegarnos


Foto Nº 17: Vista do aquartelamento e casas que construímos para a população e que deixámos para os que nos substituíram, C.Caç. 3306


Foto Nº 18: Eu junto ao memorial da C. Caç. 2366 e da C. Caç. 2585


Pouco sei da companhia que nos sucedeu, a 3306. Se alguém souber algo desta Companhia, agradeço que me informe, pois gostaria de saber, pelo menos, o que foi feito do Rádio-receptor de OM e OC, a válvulas e com retransmissor em OC, para que todo o pessoal nas casernas pudesse ouvir a Emissora Nacional a partir das 17/18 horas e não só, que eu deixei para eles.

Além das retransmissões também fazíamos programas em directo de discos pedidos, com os poucos recursos que tínhamos. O estúdio era montado no quarto do nosso primeiro Vinagre, no edifício do Comando. O locutor principal era o colega Alf. Marques Pereira e Alf. Godinho, além de outros, como o Furriel Pargana (ilusionista que engolia agulhas), o Furriel Meireles, que cantava o “Alfredo Marceneiro”, etc.

Por falar nisto, era muito bom que se alguém tiver alguma cassete gravada desses programas e que se dispusesse a emprestar para que, com as tecnologias de hoje, a pudéssemos todos ouvir neste blog. Resta dizer que este aparelho foi totalmente construído e adaptado para retransmissão por mim. Muitas das peças usadas foram retiradas de rádios apanhadas ao IN.




Foto Nº 19 e 20: O meu rádio-receptor “Radio Escola” adaptado para retransmissão


Olá João Tunes
Lembras-te do Alf. de Jolmete que “mexia” nos Rádios? Sou eu. Sei que a coisa esteve preta, mas se eu não o tivesse feito, não conseguíamos contactar com o Sr. Major Passos Ramos ou Osório do CAOP que voavam sobre nós numa DO, e que sempre nos acompanhavam. Um grande abraço.


Manuel Resende (Ferreira)