Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884
Afinal quem inventou a FNAC?
O tempo da nossa passagem pela guerra, mais concretamente pela Guiné,
não foi feito só de tristezas, desalentos, saudades, … enfim, tantos outros sentimentos
que não vale a pena enumerar. Também passámos os nossos bons momentos de boa
disposição, camaradagem, convívio, etc. Na companhia 2585 de Jolmete de Maio de
1969 a Março de 1971 houve, em determinada altura, meados de 1970 depois do
assassinato dos Oficiais do CAOP, um grupo de graduados, que de tão apanhados
que estavam, criaram a FNAC.
Não estejam já a imaginar uma empresa de ar condicionado para a Guiné,
nem tão pouco uma editora de livros ou discos de vinil ou CDs. Não, tratava-se
pura e simplesmente de uma fundação, a “FUNDAÇÃO NACIONAL DOS APANHADOS DO
CLIMA”, em abreviaturas FNAC.
A FNAC era composta por todos os oficiais e sargentos da Companhia
2585 que quisessem aderir. Praticamente aderiram quase todos. Os aderentes,
como fazia parte dos estatutos, tinham de ter um nome artístico. Depois de
fazerem o juramento de adesão conforme anexo I e II, ficavam a pertencer ao
grupo dos “organizados”, pelo que recebiam o respectivo cartão de “sócio”.
Junto fotos de alguns cartões (só consegui estes) e graças à gentileza do nosso
Furriel Rodrigues, digníssimo presidente.
Fotos Nº 1 – 1º Sarg. Vinagre
Foto Nº 2 – Fur Araújo
Foto Nº 3 – Alf. Godinho
Foto Nº 4 – Fur. Gomes
Foto Nº 5 – Fur. Gondar
Foto Nº 6 – Alf. Ferreira
Foto Nº 7 – Fur. Filipe
Foto Nº 8 – 2º Sarg. Mesquita
Foto Nº 9 – Fur. Rodrigues
A Direcção era exercida por:
Presidente: Furriel José Manuel Gonçalves Rodrigues, de nome artístico
“GEM-GIS-KAN”
Secretário: Alferes António Alberto Miguéis Marques Pereira, de nome
artístico ”WASINGTON”.
Tesoureiro: Furriel Manuel Joaquim Meireles, de nome artístico “O
MENINO DO BARREIRO”.
Além dos estatutos pensados e escritos ponto a ponto, com a
colaboração dos associados, e votados sempre em assembleia-geral e do cartão
individual com foto artística do associado, que foi desenhado pelo Furriel
Cristo, fizemos também um emblema de lapela. Aproveitando a vinda de férias à
Metrópole do nosso presidente, foi encarregue de os mandar fazer na Fotal em
tempo útil. Assim aconteceu.
Foto Nº 10 – Emblema de lapela
À distância de 40 anos tenho pena que o ponto Nº 1 dos estatutos
restringisse a adesão apenas a graduados da CCAÇ 2585, pois tivemos muitas
solicitações para aderências por parte de outros que gostariam de pertencer, o
que viria a valorizar no futuro (agora) os convívios. Enfim, temos de
interpretar os estatutos à luz dos tempos de então, pessoal apanhado à espera
da peluda e cheio de boas intenções.
Agora perguntam os amigos leitores deste apontamento… “então e onde
está a FNAC”? Boa pergunta, mas sinceramente não sei responder. Ainda tenho
esperanças, que com a ajuda desta publicação nos voltemos a reunir. Tenho
contactos com o presidente, o José Rodrigues que vive no Fundão e com o
tesoureiro o Meireles que vive em Linda-a-Velha. Espero que o Marques Pereira
também apareça, mas parece-me que anda para os lados de Maputo.
A FNAC, paralelamente ao que acontecia na parte militar, também
concedeu alguns louvores aos organizados que mais apanhados estivessem. A mim
tocou-me também esse galardão, que passo a reproduzir.
Fotos Nº 11 e 12 - Louvor
A FNAC tinha também como missão animar todo o pessoal da 2585, não
eram só os graduados que andavam apanhados. Para isso fundámos a “RADIO PIRATA
DE JOLMETE”. Esta Rádio, cujo aparelho transmissor era um receptor a válvulas
do curso da “RÁDIO ESCOLA” que eu tinha tirado no último ano antes da minha
entrada na tropa, e que tinha levado para a Guiné, serviu para, com uma
adaptação feita por mim, transformá-lo em “emissor-receptor”.
Com uma boa antena cedida pelo nosso Furriel Gomes de transmissões, e
instalada entre a minha caserna e o refeitório dos soldados, conseguia captar
perfeitamente a EN em onda média e curta, e dar um pouco de música durante o
jantar.
Convém dizer que o som era dado por uma coluna feita pelo nosso
carpinteiro, tipo corneta com um altifalante que eu levei e que me tinha
custado na “Astro-Técnica” 2.200$00, com 40 W de potência. Pesava cerca de 10
KG. Mais à noite retransmitia a EN e outras em onda curta, numa frequência que
todos os pequenos receptores a pilhas com OM-OC captavam.
Nesta frequência era transmitido também um programa de discos pedidos
que às vezes fazíamos, no abrigo do comando, numa pequena sala do 1º Sargento
Vinagre. Na foto que a seguir mostro, vê-se o grupo de locutores em acção. À
esquerda o Furriel Guarda, ao centro o Furriel Rodrigues (nosso presidente) e à
direita o Alferes Marques Pereira (nosso secretário).
Foto Nº 13 – Locutores em acção
Programa Nº 4, apresentado por Meireles, Rodrigues e Marques Pereira
Manuel Resende (Ferreira)
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