20 de abril de 2013

Post Nº 10 - Vinte de Abril de 1970 "Triste Aniversário"

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884


 












Triste Aniversário

Caros amigos e camaradas
Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 43 anos?

O nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal.
Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os OFICIAIS do CAOP, num local junto à primeira bolanha a contar do Pelundo para Jolmete, a cerca de 5 Kms do Pelundo. Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, 19, Domingo, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião do dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo.

Só para resumir, o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê?
Devo confirmar que ouvi dois tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram).

Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os nossos Oficiais:
Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA
Dois condutores dos jipes e um tradutor (total 7 pessoas).
Não é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar a memória destes Oficiais, que devem figurar em todos os escritos com letra maiúscula.

Junto algumas fotos tiradas por mim, mas lamento não ter do Sr. Major Pereira da Silva.


Major Passos Ramos o primeiro à esquerda


Major Osório em primeiro plano


Alferes Mosca em primeiro plano


Alferes Mosca






Manuel Resende (Ferreira)



19 de abril de 2013

Post Nº 9 - Convite BCAÇ 2884 - Fundão

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

 













Almoço – Convívio 2013 no Fundão


Recebi há poucos dias do nosso camarada e amigo Pinto da Costa, a carta convite para o nosso convívio, que será o XXV, a realizar no Fundão, no dia 1de Junho próximo.
Ao publicar a carta espero contribuir para uma maior divulgação.









Manuel Ferreira

28 de março de 2013

Post Nº 8 - Uma história de vida

José Rodrigues Firmino
Ex. Sold. Atir. em Jolmete (Pelundo - Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 - BCAÇ 2884














Uma história de vida

Sou José Rodrigues Firmino, presentemente com 65 anos de idade, e aproveito para trazer aqui um pouco da minha passagem pela Guiné Bissau, antiga colónia Portuguesa, enquanto militar.

Decorria a década de sessenta, mais concretamente o dia 7 do mês de maio de 1969, quando no cais marítimo de Alcântara em Lisboa, eu e tantos outros jovens rumamos para a Guiné Bissau, com o objetivo de cumprir o serviço militar obrigatório, numa das ex-províncias Ultramarinas, que com muita mágoa minha, alguns teimam em esquecer ou ignorar.

Na hora marcada, lá estava atracado o cargueiro Niassa, pronto para levar, jovens tirados precocemente aos seus pais, namoradas e até mulheres, rumo aquele País para nós desconhecido, para uma guerra que nunca desejamos e desconhecíamos.


A viagem foi muito dolorosa e atribulada, para começar a alimentação era péssima, as camas ali chamadas de “tarim bulas” eram feitas em madeira, algumas casas de banho eram barracos cobertos com chapas de zinco.


 Cargueiro  Niassa


Chegados à Guiné Bissau lá estavam à nossa espera viaturas militares para nos conduzirem até Teixeira Pinto. Dormimos três noites numa escola, em que os nossos colchões eram simplesmente o chão da própria escola. Após três noites de estadia em Teixeira Pinto outra etapa nos aguardava, durante a noite e mais uma vez viaturas militares levaram-nos até uma lancha onde embarcamos rio acima, para sermos conduzidos para a zona de Jolmete, uma das zonas mais isoladas da Guiné.

Lembro-me que durante a viagem feita de noite, ouvíamos alguns disparos distantes que nos faziam pensar, para onde estavamos a ir e principalmente o que nos aguardava. Por fim chegado a Jolmete (onde estive toda a comissão de serviço), fomos  distribuídos por diversos pelotões, começando ai o nosso tormento.

Todos os dias pensava se conseguiria chegar ao dia seguinte, felizmente cheguei  outros não tiveram a mesma sorte infelizmente.


 Aquartelamento em Jolmete

Mesmo com a nossa juventude, sabendo que tínhamos de lutar, para não morrer, sinto orgulho de ter podido continuar com nosso trabalho, ajudar na melhoria das condições de vida daquelas populações.

Construimos 22 tabancas (habitações), não direi excelentes, mas muito melhores do que as existentes, uma escola, uma cozinha comunitária e uma pequena capela, onde por vezes passávamos pedindo a  Nossa Senhora de Fátima nos protegesse para podermos regressar para junto dos nossos familiares.


 Lutando e construindo

Para além do trauma de guerra, revolta-me o esquecimento por vezes até o abandono a que todos os ex-combatentes estão sujeitos por parte de grande parte da sociedade e muitos governantes em geral.

Desconhecem que muitos perderam a vida, outros regressaram com deficiências, muitos nunca conseguiram ultrapassar o trauma da guerra. Há relatos que alguns ex. Combatentes, para além de estarem na miséria, passam fome.


Adoro o meu País defendi a nossa bandeira, ignorados jamais esquecidos. Tenho pelo povo Guineense a maior consideração e estima estais para sempre no meu coração. Ainda hoje pelo que acabei de trancrever modestamente vamos ajudando o povo Guineense e suas populações com o envio de sementes outros bens, abertura de poços com água potável.

Assim termina o testemunho de alguém que, mesmo contrariado, sente orgulho em ter servido o seu pais, defendendo a sua bandeira.


Fim
José Rodrigues Firmino


Publicado por

Manuel Resende (Ferreira)



17 de fevereiro de 2013

Post Nº 7 - XXIV Almoço-Convívio do BCAÇ. 2884 em Fátima

José Rodrigues Firmino 
Ex. Sold. Atir. em Jolmete (Pelundo - Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 - BCAÇ 2884
















Almoço convívio

Teve lugar no passado dia 26 de Maio de 2012, em Fátima, o XXIV almoço-convívio anual do BATALHÃO de CAÇADORES 2884 (MAIS ALTO), composto pelas seguintes companhias: 2584 (Có), 2585 (Jolmete), 2586 e CCS (Pelundo) no período entre 07 de Maio de 1969 a 02 de Março de 1971.

Assim, bem cedo, e com alguma ansiedade à mistura, pois passados longos anos ou seja desde a nossa chegada que não via alguns ex. camaradas, tais como ex. Furriel Cristo, ex. Furriel Pargana, Ex. Furriel Alves e Ex. Furriel Matias (Rodinhas).

Chegados a Fátima e após apresentação, revista e chamada, teve lugar a missa em memória dos camaradas já falecidos. Segue-se o apanhar do trilho que nos levaria até ao Restaurante D.NUNO. O primeiro contacto foi o reconhecimento da zona, e eis que surge o primeiro sinal de que algo estaria para acontecer: é verdade uma máquina com duas torneiras que após manejadas deitavam cá para fora assim um líquido de cor amarelada (cerveja) e outra uma cor mais escura (sangria); acompanhava um pouco de mancarra e segundo diziam por lá batata frita de milho. Seguidamente, e porque não havia tempo a perder, pois os objetivos estavam traçados e a operação tinha de ser levada a cabo com êxito, deu-se o assalto às entradas.

Como planeado aconteceu manga de ronco: com as mesas bem preenchidas e os estômagos a necessitarem de algum aconchego, sem muita demora e olhando o que parava em cima das mesas quase desafiando os apetites, o confronto é mais que certo. E mais uma vez saímos vencedores, pois tudo quando lá estava sofreu um duro golpe, águas … poucas, mas sim vinho maduro tinto e branco ou verde, não faltando por aqui e ali muito mais variedade de bebidas completaram esta fase.

Com os estômagos ainda não satisfeitos, porque o lema da nossa tropa é deixar o local de embate completamente limpo com o bornal já mais cheio, felizmente vitoriosos e ainda sem baixas, segue-se a ordem de comando para aquela que seria o aniquilar totalmente e mais uma vez com total êxito do final da operação, aí já o inimigo não demonstrava qualquer reação. Já bem sentados com a conversa passada em revista é servido o almoço que, quer em qualidade e quantidade, é de facto de realçar passando pelo pessoal de serviço, competente e simpático. Está de parabéns a organização bem assim o Restaurante D. Nuno, as bebidas em abundância, mas como o lema do nosso Batalhão é ( MAIS ALTO ) também todos nós soubemos estar e sair com dignidade.

Segue-se o bolo comemorativo, o champanhe, mais uma ou outra foto para mais tarde recordar. Missão cumprida inicia-se a debandada, aos poucos, com a certeza que vale a pena estar a partilhar aquilo que faz de nós verdadeiros amigos.

Parte final com a escolha do próximo local onde será o XXV almoço anual. Desta vez no ( FUNDÃO ) com votos de que todos nós possamos pelo menos ainda por cá andar.

Aquele abraço ao PINTO Da COSTA esteve impecável na organização.
De minha parte um até sempre





  


  





Se quiseres ver o álbum completo, clica no link:

https://goo.gl/photos/H2n7WxpJVz98SCaX8




Firmino (Régua)




Publicado por
Manuel Resende (Ferreira)



4 de fevereiro de 2013

Post Nº 6 - Actividade Operacional da C. CAÇ. 2585

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884



 











Caros amigos e camaradas
Apresento a seguir um resumo de toda a actividade operacional da Companhia de Caçadores 2585 – É Aquela Máquina, durante a comissão de serviço em Jolmete – Guiné no período de 12 de Maio de 1969 a 31 de Dezembro de 1970.


  











Manuel Resende (Ferreira)