Manuel Cármine
Resende Ferreira
Alf.
Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ
2585 – BCAÇ 2884
A minha passagem por JOLMETE
Por:
Veríssimo Ferreira
Fur. Mil. da CCAÇ
1422 - Pelundo
JOLMETE
Foi em Setº (ou Outº ?) de 1965.
A minha secção estava instalada no Pelundo, zona ainda sem guerrilhas nessa época e daí que pudéssemos passear até Teixeira Pinto e de quando em vez mesmo até Bula, com o jeep colocado à minha disposição.
Ainda hoje reflicto:
Porque será que não me comeram vivo?
Seria porque estávamos protegidos pelo "homem grande" em casa de quem aquartelávamos, na tabanca?
Seria que a nossa missão de lhe guardar o cofre e o recheio, movimentou influências?
Ou seria que tinham mesmo, medo de nós?
Intrigante e de tal forma, que ainda hoje passados "apenas" 50 anos, não encontro respostas.
A comida era melhor do que boa e oferecida...
Nada nos faltava... ele eram galinhas, cabras, porcos,... só para nós o pessoal branco, que eles não podiam comer tal, dada a religião.
Certo
dia:
Aparece o meu Cmdt de Companhia... mais o Alferes Simões, o 2º sargento do quadro, Nuno e dois Fur's-Mil, Gualter e Higino e é-me dada a ordem:
- Vem daí connosco que também foste convidado para os festejos em Jolmete.
Fui...nem discuti, mas sem saber da importância de tal decisão.
É que graças a mim foi repudiado o 1º ataque ao aquartelamento (ao que julgo saber).
Aparece o meu Cmdt de Companhia... mais o Alferes Simões, o 2º sargento do quadro, Nuno e dois Fur's-Mil, Gualter e Higino e é-me dada a ordem:
- Vem daí connosco que também foste convidado para os festejos em Jolmete.
Fui...nem discuti, mas sem saber da importância de tal decisão.
É que graças a mim foi repudiado o 1º ataque ao aquartelamento (ao que julgo saber).
Chegámos... o cheiro a comes era mais qu'a muito e noite quase a chegar.
E quando nos dispúnhamos a papar:
Começou a fogaracha inimiga e lá se foi o objectivo em causa ou sejam:
- As fracas assadinhas na brasa, temperadas que foram com jindungo;
- Os borreguitos
- Os porquinhos.
Recapitulemos:
"Pela 1ª vez, o quartel é atacado.........."
Organizei-me, procurei a arma adequada para responder a tal situação e lá descobri o meu caro morteiro 60 e um cunhete com 6 poderosas granadas.
Fiz o reconhecimento da zona para onde as enviaria acompanhadas que seriam com os meus cumprimentos, raiva e votos de festas felizes e aí vão elas, uma de cada vez claro.
Não deviam ter conhecimento da letalidade da coisa... acabaram com a flagelação... e ouviram-se gritos de foge... foge. Em boa verdade, até eu fiquei deslumbrado com tanta luz. É que as granadas atrás citadas, em vez de explosivas, saíram iluminantes, mas que os fez tremer e "cavar", lá isso fez. Ainda hoje não devem ter percebido, porque foi que a negra noite, se transformou num ápice, em luminoso dia.
Tínhamos um ligeiro ferido nas nossa hostes, que apanhara de raspão, com uma bala no... na anca, o que lhe causava algumas dores. Não havendo enfermeiro, fiz disso, e após informação conseguida pelo ANGRC9 administrei-lhe uma injecção de morfina. Daí que cinco minutos depois, o Fur. Mil. Indy (assim se chamava) quis iniciar uma perseguição na mata, para se vingar. O guarda-costas do Capitão Corte-Real, "guardava-o" pondo-lhe à frente uma mesa de madeira porque nada mais por ali havia para fazer.
Eu?
Assei uns "xóriços", bebi uns tintos em copo de alumínio e por aí me fiquei qu'o Vat 69 fora atingido e vertera no chão vermeho.
Veríssimo
Ferreira
2015
Publicado
por
Manuel
Resende (Ferreira)
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