Manuel
Cármine Resende Ferreira
Alf.
Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ
2585 – BCAÇ 2884
Triste
Aniversário
Caros
amigos e camaradas
Hoje
é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de
Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 46 anos?
Neste
dia não houve saída para o mato, não saímos do quartel nem para caçar. Achámos
estranho, mas o nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais
alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de
anormal.
Nesse
dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”,
entre os chefes do PAIGC e os OFICIAIS do CAOP, num local junto à primeira
bolanha a contar do Pelundo para Jolmete, a cerca de 4-5 Kms do Pelundo. Essa
reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos
da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.
No
dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major
Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um
tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me
lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e
pensativo, ... devido à presença
inesperada dessa pessoa.
Estavam
previstos 5 Gipes (isto é o que me lembro da altura dos acontecimentos), mas
ficaram reduzidos a três, pois o Sr. Major Pereira da Silva, que superintendia
o assunto, não autorizou os outros a serem “martirizados”. Lembro-me de ouvir
dizer que o nosso Capelão, Padre António Gameiro queria ir, mas não foi
autorizado. Eu tinha a impressão que o nosso médico Dr. Diniz Calado, também
queria ir, mas ainda há poucos meses estive com ele, abordei o assunto e o próprio disse-me “que nunca
essa hipótese foi colocada, não queria participar em aventuras dessas”.
Bom
o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como
lá foram parar, cerca de 8 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete?
Devo
confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras
pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos
proibidos de “fazer fogo”, nem a caçar.
Foram
barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os sete elementos presentes para as negociações:
Major
PASSOS RAMOS
Major
MAGALHÃES OSÓRIO
Major
PEREIRA DA SILVA
Alferes
JOÃO MOSCA
Nativo MAMADÚ LAMINE
Nativo ALIÚ SISSÉ
Nativo PATRÃO DA COSTA
Os nativos eram dois condutores dos jipes e um tradutor.
Nativo ALIÚ SISSÉ
Nativo PATRÃO DA COSTA
Os nativos eram dois condutores dos jipes e um tradutor.
Não
é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar a memória
destes Oficiais, que devem figurar em todos os escritos com letra maiúscula.
Junto
algumas fotos tiradas por mim, mas lamento não ter do Sr. Major Pereira da
Silva. A primeira e segunda foram tiradas em Pelundo na inauguração da estrada Có - Pelundo, não me lembro o dia, mas foi no início de 1970.
Major Passos Ramos o primeiro à esquerda
Major Osório último à direita e de costas
Major Osório em primeiro plano
Alferes Mosca em primeiro plano ajudando na
preparação da ceia de Natal (1969)
Manuel
Resende (Ferreira)
1 comentário:
Obrigado por lembrar-me a data, companheiro. A História dos países faz-se com grandes e maus momentos e quer uns, quer outros, não são de cair no esquecimento, para relembrar aos nossos descendentes e aprender-se com os erros cometidos. Um abraço ex-Fur.Mil Alves C.Caç.2585
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